Um dos mais destacados produtores portugueses, aCasa da Passarellaé autora de referências eloquentes e enigmáticas que expressam esseterroirúnico (e ainda tão pouco reconhecido em Portugal) que é o do Dão, capaz de produzir vinhos de riquíssima complexidade, admirável fineza e camadas sucessivas de profundidade.
A sua adega, em Gouveia, na subregião da Serra da Estrela, é destino de sucesso garantido para provar grandes vinhos, assinados há 20 anos pela mão destra do enólogo Paulo Nunes: da recuperação de vinhas e tradições antigas (os excecionais Villa Oliveira) a colheitas únicas vinificadas em experiências audazes (O Fugitivo, palco de surpresas), com tudo o que pelo meio se pode encontrar.
O seu topo de gama, o homónimo Casa da Passarella, pode ascender às várias centenas de euros, mas isso não significa que esta seja uma casa de vinhos de exclusão. A sua gama de entrada, A Descoberta, pode ser lida exatamente como o nome sugere: uma porta de entrada para as maravilhas que até os mais simples vinhos do Dão podem oferecer.
Situados na faixa dos €7, qualquer um dos três vinhos desta gama é bom começo de jornada na Passarella. A começar pelo tinto, blend das castas clássicas do Dão (Jaen, Alfrocheiro, Touriga Nacional e Tinta Roriz) e com a frescura e intensidade frutada que se lhes atribui, e pelo branco, que faz o mesmo para as castas alvas (Encruzado, Malvasia Fina e Gouveio), com suavidade que não descura na personalidade.
Se nos perguntarem, no entanto, Paulo Nunes teve sempre dedo particular para os rosés, ou rosados, como se insiste em chamá-los na Casa da Passarella, em bom português - O Fugitivo Rosado, sua versão de um rosé verdadeiramente poderoso, é, se não um dos grandes rosés portugueses, certamente um dos melhores que tivemos oportunidade de provar, na marca interessante dos €32.
A Descoberta Rosado, o seu primo mais humilde, é, ainda assim, um ótimo vinho para os €7 que custa: um rosé de Touriga Nacional e Tinta Roriz impecavelmente bem feito, cuja elegância em boca é pontuada por notas frescas de frutos vermelhos e exóticos e rematada por um longo e equilibrado final. Tudo o que se quer, portanto, de um rosé de entrada, que combina na perfeição com a chegada do sol.
"Um vinho para o fim de semana" é uma rubrica semanal em que lhe sugerimos, todos os sábados, uma referência para provar ao longo do fim de semana - uma rubrica a cargo do jornalista da SÁBADO Pedro Henrique Miranda. Pode ver as sugestões anteriores aqui: