Leia o terceiro capítulo da nova obra do escritor José Luís Peixoto, inédita e em exclusivo para a SÁBADO.
Abre a porta devagar e dá um passo. Na distância, o som de anúncios da telefonia mistura-se com o cheiro a sopa, o cheiro a caixas de medicamentos sobre os armários. Mesmo tentando fechar a porta com mínimo barulho, o chão de madeira estala sob a presença de João e, de repente, a partir da cozinha, os passos da Dona Lucinda disparam na sua direção. Perante essa pressa, João acredita que a senhoria vem dar-lhe uma reprimenda. De entre os muitos erros que cometeu, quererá ralhar-lhe acerca de algum. No entanto, assim que ela entra no corredor, assim que pronuncia uma palavra, João percebe logo que se precipitou, é claro que a Dona Lucinda não vem com essa intenção. Em meio segundo, culpa-se por ter sido capaz de tal ideia, foi injusto. A Dona Lucinda só quer ajudar, explica-lhe que telefonou a menina Joana, o que é feito dela? João não responde, é ele que pergunta: deixou recado? Sim, deixou. Disse que estará no réveillon da Voz do Operário, pediu que fosses lá, precisa de falar contigo. A Dona Lucinda não percebe a mocidade, está baralhada, parece os seus novelos de linha branca quando pousa a renda em qualquer lado e o gato os apanha. Mas João não lhe tira dúvidas, tem urgência, não se importa de fazer barulho ao sair.
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Brigitte e Emmanuel nada têm a ganhar com este processo que empestará ainda mais a atmosfera tóxica que rodeia o presidente, condenado às agruras políticas de um deplorável fim de mandato
Esta ignorância velha e arrastada é o estado a que chegámos, mas agora encontrou um escape. É preciso que a concorrência comece a saber mais qualquer coisa, ou acabamos todos cidadãos perdidos num qualquer festival de hambúrgueres