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O Google Chrome vai passar a ser mesmo incógnito?

Acordo alcançado em tribunal obriga empresa a apagar milhões de dados dos utilizadores recolhidos quando estes pensavam estar em modo de navegação anónima, e a mudar recolha de dados.

A Google vai ter que apagar milhões de dados dos utilizadores recolhidos quando os mesmos estavam a navegar através do Chrome em modo incógnito ou "separador anónimo". É uma consequência de um acordo judicial revelado em dezembro de 2023 e que já tinha causado efeitos em janeiro, quando a tecnológica se viu obrigada a alterar a informação mostrada aos utilizadores.

REUTERS/Dado Ruvic/Illustration/File Photo

Nesse novo aviso, é agora indicado que "as outras pessoas que usam este dispositivo não veem a sua atividade, por isso pode navegar de forma mais privada", quando antes se assegurava não serem recolhidos dados relativos à navegação.

Afinal, a Google recolhia dados mesmo quando dava a possibilidade aos utilizadores de aceder à Internet através de uma janela de navegação anónima. Por isso, em 2020, várias pessoas avançaram com uma ação legal que terminou agora com um acordo. Apesar de não ter sido determinado o pagamento de um valor aos lesados, os queixosos podem agora avançar noutros tribunais com vista a uma compensação monetária.

O acordo, revelado peloWall Street Journal a partir de um documento no tribunal federal de São Francisco, determina que a Google vai "apagar e/ou corrigir milhões de registos de dados que refletem a atividade de navegação privada" dos utilizadores que tenham sido recolhidos há mais de nove meses e, durante os próximos cinco anos, ficará definido no modo incógnito o bloqueio decookiesde terceiros, usadas para direcionar anúncios.

"Este acordo é um passo histórico ao exigir às empresas tecnológicas dominantes que sejam honestas nas suas informações aos utilizadores sobre como as empresas recolhem e usam os seus dados, e que apaguem ou corrijam os dados recolhidos", indica o documento. "Assegura uma responsabilização e transparência por parte do maior agregador de dados dos utilizadores e marca um passo importante quanto a melhorar e defender o nosso direito à privacidade na Internet."

Em comunicado oficial, a Google manifestou satisfação em ter chegado a acordo. AositeBusiness Insider, o porta-voz José Castañeda acrescentou que os queixosos "queriam originalmente cinco mil milhões de dólares [4,7 mil milhões de euros] e vão receber zero". "Nunca associamos dados a utilizadores quando usam o modo incógnito. Estamos felizes por apagar velhos dados técnicos que nunca foram associados a indivíduos e que nunca foram usados para qualquer forma de personalização."

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