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IA já está a penalizar o emprego nos EUA. Recém-formados portugueses podem ser os próximos

O economista da Nova SBE Marlon Francisco alerta que a inteligência artificial já está a causar desemprego jovem nos EUA. Se acontecer em Portugal, pode resultar num cenário de "baixos salários permanentes" para estes profissionais.

O impacto da inteligência artificial no trabalho não é coisa do futuro. Já há sinais de dificuldades nos recém-formados do lado de lá do Atlântico, pelo menos em profissões qualificadas que reservam para os novatos tarefas rotineiras.

Servidores de computadores
Servidores de computadores DR

"O que se começa a notar, por exemplo, nos Estados Unidos, é que pela primeira vez desde que existe uma desagregação do desemprego, podemos ver estes dados. Pela primeira vez na série temos o desemprego dos recém-licenciados a ser superior ao desemprego médio da população", explica o professor da Nova SBE, em entrevista ao programa do Negócios no canal NOW.

As características da economia portuguesa têm atrasado este efeito, mas o economista receia que possam acabar por cá chegar. "Neste momento, na Nova [SBE], estamos a fazer um estudo exatamente sobre o impacto da inteligência artificial no mercado de trabalho português. Ainda não está publicado, mas o que eu posso dizer é que o lado bom da nossa má economia -  assente essencialmente em setores de pouca produtividade, bastante ligados ao alojamento e à restauração - é que estes setores também não estão muito expostos à inteligência artificial", indica, ressalvando que "temos tido uma transformação" nos últimos anos, mais assente em profissões de valor acrescentado, "nomeadamente aquilo que chamamos  de tarefas rotinocognitivas".

"Estamos a falar de recém-licenciados, maioritariamente nas áreas financeiras ou de computação. E estes são efetivamente aqueles que têm, provavelmente, uma maior exposição à inteligência artificial, que tem como objetivo, acima de tudo, substituir estas tarefas mais rotineiras", diz. Quando isto acontece, há "um efeito eterno nos salários, nas carreiras destes jovens"  e é isso que Marlon Francisco receia que se verifique com os jovens portugueses. "Há aqui uma possibilidade bastante forte de que esta nova geração recém-licenciada altamente qualificada (...) tenha a ter o que nós chamamos de feridas permanentes a nível de salários e de carreiras", alerta.

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