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PS nem contra a venda nem pela nacionalização do Novo Banco

03 de fevereiro de 2017 às 12:37

No debate parlamentar sobre resoluções de PCP e BE pela nacionalização da instituição herdeira do extinto Banco Espírito Santo (BES), PSD e CDS-PP classificaram a actuação do Governo do PS como "leviana"

O porta-voz do PS, João Galamba, reiterou hoje que os socialistas não têm qualquer posição de princípio a favor da privatização ou da nacionalização do Novo Banco, pretendendo levar o processo negocial até ao fim.

No debate parlamentar sobre resoluções de PCP e BE pela nacionalização da instituição herdeira do extinto Banco Espírito Santo (BES), PSD e CDS-PP classificaram a actuação do Governo do PS como "leviana" e acusaram o executivo de ter como intenção "uma incógnita".

"Foi-nos dito que o Novo Banco estava limpo e seria um negócio rentável e lucrativo para o Estado. Por razões políticas, PSD e CDS subcapitalizaram o banco, deixando encargos para o futuro. [o Governo PSD/CDS-PP] expôs o país a gravíssimos riscos financeiros", descreveu Galamba.

O deputado do PS esclareceu que os socialistas não acompanham "BE e PCP nessa proposta" e preferem "deixar o processo negocial decorrer até final porque é o que melhor protege o interesse do Estado e dos contribuintes".

"O PS não encara a nacionalização como um mal absoluto, mas uma situação de recurso, caso a privatização falhe. O PS quer deixar todas as opções em aberto. Não há nenhuma posição de princípio contra a nacionalização nem contra a venda", disse.

O deputado do PSD Duarte Pacheco afirmou que "todo este processo, mas também os da Caixa Geral de Depósitos e do Banif, mostram o modo leviano como o Governo tem tratado os assuntos do sistema financeiro".

"Não sabe o que quer, a confusão é grande e, infelizmente, acabaremos todos por pagar, PSD é por princípio contra a nacionalização", declarou o parlamentar social-democrata, manifestando-se contra "uma opção ideológica de outros, saudosistas, que desejam a nacionalização dos transportes, da restauração, da hotelaria - um paraíso perfeito de democracias praticamente inexistentes, da Ásia".

A vice-presidente do CDS-PP Cecília Meireles sublinhou existirem "pressupostos" falsos na discussão, uma vez que a permanência do Novo Banco na esfera pública não significa que não seja precisa nova injecção de capital estatal, que a gestão pública seja mais eficaz do que a privada e que, finalmente, um Novo Banco público sirva de facto para estimular a economia.

"Há uma grande incógnita, afinal o que o Governo quer?", questionou.

O deputado comunista Miguel Tiago disse que "é preciso resolver um problema criado pelo Governo PSD/CDS, com a resolução do BES, deixando de fora as riquezas do Grupo Espírito Santo (GES), que causou um prejuízo de mais de 4.000 milhões de euros e degradou as funções sociais do Estado".

"A entrega a privados significa a entrega de 60% do sistema bancário a estrangeiros e a prostração da economia portuguesa a grandes grupos económicos. Os portugueses já pagaram o Novo Banco e o pior que pode acontecer é agora ficarem sem ele", vincou.

A bloquista Mariana Mortágua defendeu que "um país que se leva a sério não se vende, não abdica" e "um Estado que se leva a sério não serve para agenciar negócios com serviços públicos", exemplificando com os casos das privatizações de EDP, REN, Galp, CTT e Fidelidade - "monopólios públicos e agora privados que dão milhões aos seus acionistas".

"Portugal foi vendido a saldo e hoje pagamos muito caro os negócios da China. A regra tem sido limpá-los [aos bancos], com dinheiro público, e entregá-los a privados. O Estado tem-se comportado mãe ou pai de menino rico e arrogante", criticou, citando as responsabilidades nesses processos do antigo secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações, Sérgio Monteiro, atualmente encarregado da venda do Novo Banco.

O ecologista José Luís Ferreira lembrou "decisões de vários Governos" em "excelentes negócios para engordar fortunas", mas péssimos "para as empresas e famílias portuguesas".

"É tempo de romper com a especulação financeira e de a banca passar a estar ao serviço do desenvolvimento do país. O Estado vai continuar a ser a muleta dos banqueiros? Já chega", reclamou.

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