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Portugal com 120% de défice até 2021

12 de abril de 2016 às 17:05

O FMI revê em baixa as projecções para a Economia mundial. O crescimento global será de 3,2% em 2016, mas para Portugal a previsão é que a dívida chegue aos 127,9%

O Fundo Monetário Internacional (FMI) actualizou, esta terça-feira, as projecções económicas até 2021. As previsões presentes no relatório apontam para um crescimento global de 3,2% em 2016, alertando para uma "imagem mais nebulosa" da economia mundial e para riscos crescentes. Estas projecções são agora mais pessimistas do que as apresentadas em Janeiro, altura em que o FMI esperava um crescimento económico mundial de 3,4% em 2016 e de 3,6% em 2017. Também Portugal piorou as projecções orçamentais, esperando que o défice seja de 2,9% este ano e que a dívida fique nos 127,9%, mantendo-se acima dos 120% até 2021.

Na base de dados do "World Economic Outlook", o FMI apresenta as suas previsões económicas, para os défices orçamentais e para as dívidas públicas de vários países até 2021. Para a economia nacional, os números não são os mais animadores. O FMI espera que o défice português seja de 2,9%, acima dos 2,7% previstos em Outubro e também acima dos 2,2% antecipados pelo Governo de António Costa. Em 2021, o último ano das projecções do FMI, Portugal deverá ter um défice de 2,8%.

 

A instituição liderada por Christine Lagarde escreve que o crescimento mundial "deve permanecer modesto em 2016" e que "os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento vão representar a fatia de leão do crescimento mundial" este ano, ainda que o FMI preveja um aumento do crescimento destas economias "apenas modesto" face a 2015, "permanecendo dois pontos percentuais abaixo da média da década passada".


O FMI antecipa que as economias emergentes cresçam 4,1% este ano e 4,6% no próximo, projecções que são ligeiramente mais baixas do que as divulgadas em Janeiro (-0,2 e -0,1 pontos, respectivamente).

Considerando as grandes economias emergentes, o Fundo prevê que a China abrande o ritmo de crescimento para os 6,5% este ano e para os 6,2% no próximo e prevê, pelo contrário, que a Índia tenha um crescimento de 7,5% nos dois anos, depois de ter crescido 7,3% em 2015.

Os países da América Latina e Caraíbas deverão recuar 0,5% este ano, mas crescer 1,5% em 2017, destacando-se o Brasil, cuja economia deverá contrair-se 3,8% em 2016 e apresentar um crescimento nulo em 2017.

Quanto às economias desenvolvidas, o Fundo espera um crescimento económico de 1,9% em 2016 e de 2% em 2017, valores que eram também mais optimistas em Janeiro (em 0,2 e 0,1 pontos, respectivamente).

Dentro das economias consideradas desenvolvidas, o FMI prevê que a zona euro cresça 1,5% este ano e 1,6% no próximo, sendo que há apenas três meses antecipava que as economias da moeda única europeia crescessem mais 0,2 pontos em 2016 e mais 0,1 pontos em 2017.

A instituição antecipa ainda que a economia norte-americana cresça 2,4% este ano e 2,5% no próximo, o que se traduz uma revisão em baixa de 0,2 pontos e de 0,1 pontos, respectivamente.

Já o Japão deverá apresentar um crescimento de 0,5% em 2016 mas a economia nipónica deverá recuar 0,1% em 2017, segundo as projecções do Fundo, que foram agora cortadas em 0,5 pontos em 2016 e em 0,4 pontos em 2017.

O FMI adverte que, não só o seu cenário central "é agora menos favorável e menos provável", como também "os resultados negativos tornaram-se mais prováveis", reportando, por isso, uma "imagem mais nebulosa dos fundamentais económicos".

Quanto aos riscos, o Fundo destaca "o regresso da turbulência financeira", que pode prejudicar a confiança e a procura, mas também a saída de capitais dos mercados emergentes, "que pode depreciar ainda mais as suas moedas e, eventualmente, desencadear efeitos adversos nos balanços".

Outra "ameaça" identificada pelo FMI é que "o crescimento persistentemente lento" terá efeitos negativos no potencial de crescimento das economias e, por arrasto, no consumo e no investimento.

O Fundo aponta ainda "pressões com origens políticas, geopolíticas ou naturais", alertando que "o medo do terrorismo também desempenha um papel" e que há o risco de as economias adoptarem "políticas mais nacionalistas, incluindo [medidas] proteccionistas".

Além disso, o FMI entende também que uma eventual saída do Reino Unido da União Europeia, o chamado Brexit, "poderia implicar danos regionais e globais severos, ao romper as relações comerciais estabelecidas".

Quanto à "tragédia dos fluxos de entrada [na Europa] de refugiados em larga escala", o Fundo entende que pode gerar "extremismos violentos ou movimentos sectários", factores que também prejudicariam as economias que os recebem e os países vizinhos.

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