Secções
Entrar

O 5G colocou a Huawei no meio da guerra EUA/China

01 de outubro de 2020 às 08:00

Empresa tem 33 anos e está presente "em mais de 170 países e regiões".

A Huawei, tecnológica chinesa no centro da 'guerra' entre os EUA e a China, foi criada há 33 anos, é líder no 5G (quinta geração) e está, atualmente, presente "em mais de 170 países e regiões".

De acordo com informação disponível no seu 'site', a Huawei, que está em Portugal desde 2004, conta com "mais de 194.000 trabalhadores" e opera "em mais de 170 países e regiões, servindo mais de três mil milhões de pessoas em todo o mundo".

Em Portugal, a fabricante de redes, 'smartphones', 'tablets', entre outros dispositivos, conta com cerca de centena e meia de trabalhadores.

Criada em 1987 em Shenzhen, no sul da China, a Huawei foi fundada por Ren Zhengfei, um ex-oficial do exército, refere a BBC.

No seu 'site', a tecnológica indica que é "uma empresa privada totalmente controlada pelos seus funcionários", garantindo que "nenhuma agência governamental ou organização externa detém ações" da tecnológica.

A Huawei tem um programa de detentores de ações pelos funcionários (ESOP), pelo que "ninguém pode ter uma participação sem trabalhar" na empresa, refere a tecnológica. Em 2018, havia 97.768 funcionários acionistas e o fundador, Ren Zhengfei, detinha 1,14% da companhia.

De acordo com um estudo da Oxford Economics, encomendado pela tecnológica sobre o seu impacto na Europa, a Huawei contribuiu com 12,8 mil milhões de euros para o Produto Interno bruto (PIB) europeu em 2018, sustentando 169.700 empregos e gerando 5,6 mil milhões de euros de receitas fiscais.

Em Portugal, a Huawei teve um impacto de 50 milhões de euros na economia em 2018, de forma direta e indireta.

Recorde-se que a Huawei esteve envolvida na maioria das redes de 4G na Europa.

Apesar do seu impacto económico e na sua capacidade de inovação tecnológica, a questão que está no centro do debate é se o ocidente poderá confiar na Huawei ou se o uso do seu equipamento deixará as redes de comunicações e os telemóveis vulneráveis.

As autoridades norte-americanas afirmam que a China poderá espiar através do equipamento 5G da Huawei, apontando o histórico militar do fundador e o papel da tecnológica nas redes de comunicações para justificar o risco para a segurança dos dados.

Washington argumenta que a Lei de Inteligência Nacional de 2017, que diz que as organizações têm de "apoiar, cooperar e colaborar no trabalho de inteligência nacional" significa que Pequim pode obrigar a Huawei a cumprir as suas ordens, salienta a BBC.

A tecnológica tem reiterado que nunca tal foi pedido, garantindo que rejeitaria qualquer ato nesse sentido.

De acordo com a BBC, Ren Zhengfei for membro do exército da China - o Exército de Libertação do Povo - durante nove anos até 1983 e é também membro do Partido Comunista, algo que a tecnológica desvaloriza.

O que é certo é que Washington proibiu as empresas norte-americanas de fazerem negócio com a Huawei (como por exemplo conceber e produzir 'chips') e pretende que os seus aliados sigam o mesmo e retirem a empresa das suas redes de 5G.

Países como a Austrália ou a Nova Zelândia seguiram o seu exemplo, enquanto o Reino Unido deu um prazo às suas operadoras para remover todo o equipamento da Huawei usado na infraestrutura de telecomunicações 5G até ao final de 2027. 

Os Estados Unidos têm avisado os seus parceiros dos riscos que correm em manter a Huawei nas suas redes, nomeadamente em termos de futura cooperação na área da segurança.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela