Sábado – Pense por si

O torneio de bola que nos obriga a olhar

Bruno Faria Lopes
Bruno Faria Lopes 23 de novembro de 2022 às 09:00

Ao envolverem uma paixão como o futebol, para muitos um prazer incontornável e uma fuga à rotina, os problemas éticos do Mundial no Qatar são um levantar do espelho à nossa frente, que nos obriga a olhar para o que se passa lá longe e aqui perto, quando só queríamos relaxar a ver a bola.

Há 15 anos, em novembro de 2007, dei por mim a entrar num estaleiro de construção no emirato do Abu Dhabi, um vizinho do Qatar. Nos dias anteriores tinha passado de carro ao largo de dormitórios de trabalhadores da Índia e do Bangladesh e impressionara-me quer o aspeto prisional das instalações, quer a quantidade de homens que rumavam ali à volta sozinhos e em grupos. Um gestor português com quem estava nessas viagens explicou-me que aqueles homens até nem estavam particularmente mal no contexto local – havia pior e ele levar-me-ia ao raiar da manhã a um desses lugares. Foi assim que dei por mim à porta de um contentor e à beira de um contacto epidérmico com aquela realidade.

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