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Jogador holandês condenado por violação compete nos Jogos Olímpicos

Passados quase 10 anos da sentença, Steven van de Velde, jogador de vólei de praia, é um dos representantres do seu país no Olímpicos. Situação tem gerado fortes criticas ao Comité Olímpico dos Países Baixos após autorizar a sua participação.

Steven van de Velde, jogador de vólei de praia holandês, foi condenado a quatro anos de prisão por violar uma criança de 12 anos. Agora, passados 10 anos do crime, Velde foi selecionado para representar a Holanda nos Jogos Olímpicos de Paris.

Velde, que na época tinha 19 anos, conheceu a menina através do Facebook, onde mantinham contacto regularmente, até que decidiu, no dia 2 de agosto de 2014, ir ter com a ela a Inglaterra onde vivia com a mãe. O jogador de vólei tinha consciência da idade da vítima, mas mesmo assim decidiu aproveitar a ausência da mãe dela para ter relações sexuais, segundo o jornal The Athletic. Velde terá ainda aconselhado a menina a tomar a pílula do dia seguinte, pois não tinham usado nenhum método contracetivo e foi este o sinal de alerta para a clínica de planeamento familiar denunciar o caso à família e à polícia, devido à idade da vítima.

Van de Velde regressou à Holanda no mesmo dia, mas foi extraditado e preso em janeiro de 2015, após admitir ser culpado das três acusações de que estava acusado. Em 2016, Steven van de Velde foi sentenciado a quatro anos de prisão, mas só cumpriu 12 meses em Inglaterra, antes de ser transferido para o seu país de origem, onde foi libertado passado um mês.

Logo após sair da prisão, Steven van de Velde deu uma entrevista ao jornal holandês Algemeen Dagblad afirmando ter sido classificado "como um monstro sexual, como um pedófilo. Isso eu não sou, realmente não sou". No Reino Unido o seu nome continua no registo de criminosos sexuais.

REUTERS/Esa Alexander

Um ano depois da sua libertação, Velde deu uma entrevista ao canal de televisão NOS (Nederlandse Omroep Stichting), onde revelou que esse crime foi o maior erro da sua vida. "Todos queremos ser amados e respeitados, mas com algo assim no meu cadastro é difícil. Não posso reverter o que aconteceu, tenho que arcar com as consequências. É o maior erro da minha vida."

A presença nos Jogos Olímpicos

Passados quase 10 anos da sentença, Steven van de Velde, o jogador de vólei de praia vai aos Jogos Olímpicos. Situação que tem gerado fortes criticas ao Comité Olímpico dos Países Baixos, que autorizou a participação do jogador.

Tanto a federação de voleibol (Nevobo) como o comité olímpico holandeses alegam que van de Velde cumpriu todos os critérios desportivos para chegar a Paris e que após ser libertado procurou receber ajuda profissional, sendo sempre acompanhado. Hoje tem uma vida pessoal e profissional estável,alegam. É casado com a jogadora de voleibol alemã Kim van de Velde, com quem tem um filho de dois anos. A federação e o comité defendem ainda que a possibilidade de voltar acontecer algo do género com o jogador é quase nula. 

No site da Nevobo, o vice-presidente, Michael Everaert, garante que o atleta está "completamente integrado na comunidade do voleibol dos Países Baixos e que tem provado ser um profissional e ser humano exemplar. Não havendo razões para se duvidar dele desde voltou a competir".

O jogador participa em competições e treinos desde 2017, e apurou-se com o seu companheiro de equipa, Matthew Immers, em maio deste ano para os Olímpicos. Porém, há quem queira que o Comité Olímpico Internacional investigue a participação de Steven van de Velde. É o caso de Ciara Bergman, diretora da organização Rape Crisis England & Wales que, segundo o The Guardian, defende que o Comité Olímpico Internacional (COI) abra uma investigação sobre a autorização dada a Velde para competir. "Como chegámos aqui? Como chegaámos a um ponto em que violar uma criança é visto como menos importante do que a medalha que alguém pode ganhar nos Jogos Olímpicos? É simplesmente extraordinário. Acho que tem que haver algum tipo de investigação sobre isto e como foi permitido que acontecesse. Tem que ser um momento para reflexão real e mudança real."

O COI já admitiu que a seleção de atletas para os Jogos era responsabilidade de comités de cada país.

Além dos pedidos de critérios mais apertados ao COI para situações de abuso, há várias petições online a apelar à desqualificação do jogador da competição.

Nas últimas semanas, a Nevobo tem partilhado declarações do jogador, que agradece a segunda oportunidade dada pelos pais, amigos e colegas, por o terem aceitado de volta depois do "maior passo em falso" da sua vida. "E também agradeço à federação neerlandesa, que me ofereceu, com condições claras, de novo um futuro neste desporto tão bonito", disse também. Entre as condições impostas contam-se o alojamento fora da aldeia olímpica e o atleta não fazer declarações aos meios de comunicação, seja qual for o tema. 

Em campo, a estreia de Velde não correu bem. Não só teve a plateia a vaiar como perdeu o jogo por 1-2 frente aos franceses Alex Ranghieri e Adrian Carambula.

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