China e Hong Kong já condenaram medida e restringiram importações de comida japonesa. Sul-coreanos começaram a correr aos supermercados à procura de sal marinho.
A região de Fukushima, no Japão, ficou para sempre marcada por ter sido palco de um dos maiores desastres nucleares a que o mundo já assistiu. Depois do terramoto e tsunami, em 2011, começaram a ser armazenadas grandes quantidades de água contaminada da central nuclear em tanques, mas há muito que se fala no desmantelamento de Fukushima Daiichi. Para tal, o Japão vai começar alançar todo esse líquido para o Oceano Pacífico.
Quanta água será lançada ao mar?
De acordo com o governo japonês, o plano passa pela libertação de um máximo de 500 mil litros de água por dia. Ao todo, falamos de um volume de água que daria para encher mais de 500 piscinas olímpicas e que será lançado de forma gradual, num processo que deverá demorar mais de três décadas.
Quem garante a segurança do processo?
Fumio Kishida, primeiro-ministro do Japão, prometeu na terça-feira que todo o processo será realizado de forma estritamente monitorizada e garante que irá controlar a qualidade da água ao longo do tempo. Há vários anos que o mesmo se encontra a ser articulado com o governo japonês, em cooperação com a TEPCO - a operadora da central - e com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), das Nações Unidas.
Em julho, a AIEA emitiu um comunicado onde assegurava que, depois de dois anos de revisão de protocolos, poderia garantir que a abordagem do Japão era "consistente com as normas de segurança internacionais relevantes" e dizia que iria enviar uma equipa para o local de forma a monitorizar todos os avanços.
Proposta reúne consenso mundial?
Não. O governo de Hong Kong já criticou a ação e ameaçou restringir as importações marítimas do Japão, enquanto a China já proibiu a importação de produtos alimentares vindos de dez províncias nipónicas.
"O oceano é propriedade de toda a humanidade, não um sítio para o Japão despejar arbitrariamente as suas águas contaminadas com matéria nuclear. Tomaremos as medidas necessárias para salvaguardar a vida marinha, a segurança alimentar e a saúde pública", assegurou em conferência de imprensa Wang Wenbin, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
Já na Coreia do Sul, o governo não se opôs à medida mas alguns cidadãos começaram a armazenar grandes quantidades de sal marinho. A Associação Greenpeace também defende que o plano ignora evidências científicas e questionou o processo de limpeza das águas dizendo que o mesmo só iria permitir que uma quantidade "imensa" de material radioativo fosse lançada no mar.
Mas a indústria piscatória do Japão também tem tecido fortes criticas ao governo do país. Com a época de pesca a abrir em setembro, os comerciantes temem que a qualidade dos seus produtos comece a ser questionada.
Que tratamento será feito às águas?
Segundo os japoneses, o líquido será submetido a um processo de filtragem que elimina todas as substâncias radioativas. A única exceção é o trítio, um elemento extremamente difícil de separar da água, mas que se encontra presente na água potável e na chuva.
Ainda assim, as autoridades dizem que a presença de trítio nas águas residuais será sete vezes inferior ao limite permitido pela Organização Mundial da Saúde para a água potável não apresentando assim quaisquer riscos para a saúde ou para o meio ambiente.
Que impacto pode ter na vida marinha?
De acordo com a Agência Internacional de Energia Atómica as descargas têm um "impacto radiológico insignificante" nas pessoas e no ambiente. Porém, um investigador da Universidade do Havaí em Manoa, disse em entrevista aoWashington Postque os resíduos radioativos poderão entrar de forma gradual nas cadeias alimentares dos peixes, levando a eventuais alterações de ADN, o que poderá causa preocupações a nível de doenças como o cancro.
"Não podemos continuar a usar o oceano como depósito de lixo para tudo o que já não queremos em terra. Os radionuclídeos não vão permanecer dentro das fronteiras do Japão. Vão acabar por se espalhar pelo Pacífico e, eventualmente, por todo o mundo. As consequências vão aparecer com o tempo", assegurou.
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