Químicos passam das embalagens para os alimentos e entram no organismo humano, denuncia novo estudo que encontrou 3.600 toxinas presentes em embalagens nas amostras humanas.
Mais de 3.600 produtos químicos aprovados para contacto com alimentos em embalagens, utensílios de cozinha ou equipamentos de processamento de alimentos foram encontrados em humanos, revelou um novo estudo. Autores acreditam que pode haver contaminação de produtos através das embalagens.
De acordo com o estudo citado pelo jornal britânico The Guardian, foram encontrados metais e PFAS (substâncias perfluoroalquiladas que constituem uma vasta família de substâncias químicas sintéticas utilizadas, desde o final dos anos 1940, em vários produtos e processos industriais) em várias análises ao sangue, cabelo e leite materno.
Entre os elementos químicos encontrados nessas amostras contam-se PFAS, bisfenol, metais, ftalatos e compostos orgânicos voláteis. Muitos estão ligados ao cancro, distúrbios hormonais e outros problemas de saúde. Foram ainda encontrados conservantes e oligómeros que são usados para estabilizar tinta em embalagens. "Temos uma ligação que mostra que alguns produtos químicos perigosos migram da embalagem para os alimentos", refere Birgit Geueke, coautora do estudo com o Food Packaging Forum, uma organização sem fins lucrativos sediada em Zurique.
O estudo identificou cerca de 14.000 produtos químicos aprovados para contacto com alimentos e verificou bancos de dados e literatura científica em busca de evidências de acumulação humana em cada um deles. Os humanos são expostos a muitos dos produtos químicos em outros cenários, então a investigação não pretende sugerir que a embalagem dos alimentos seja a única responsável. Entre os piores infratores está o plástico, um material que é amplamente desregulamentado e pode conter milhares de produtos químicos. Silicone e revestimentos em latas de metal também podem conter compostos tóxicos ou pouco estudados. Muitos produtos de papel e cartão eram até recentemente tratados com PFAS e podem conter uma camada de plástico.
Os autores do estudo defendem a necessidade de um exame mais aprofundado de produtos químicos que têm autorização para contacto com alimentos.
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