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Quatro em cada dez jogadores portugueses apostam em plataformas ilegais

Lusa 21:33
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A percentagem sobe para 43% nos utilizadores entre os 18 e os 34 anos.

Quatro em cada dez jogadores portugueses apostam em plataformas de jogo ilegais, revela um estudo hoje divulgado, segundo o qual estes utilizadores apostam com maior frequência e gastam mais dinheiro do que os que preferem os 'sites' legais.

Estudo revela apostas em plataformas ilegais por jogadores portugueses
Estudo revela apostas em plataformas ilegais por jogadores portugueses Sina Schuldt/picture alliance via Getty Images

Com base em 1.008 entrevistas a jogadores, entre os 18 e os 65 anos, o estudo "Hábitos de Jogo Online dos Portugueses", realizado pela empresa de comunicação AXIMAGE para a Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online (APAJO), revela que "40% dos portugueses continuam a apostar em plataformas ilegais".

A percentagem sobe para 43% nos utilizadores entre os 18 e os 34 anos.

O estudo revela ainda que os utilizadores que recorrem a plataformas ilegais jogam mais frequentemente e gastam mais dinheiro.

"Entre quem joga exclusivamente em operadores licenciados, 5,2% gasta entre 100 euros e 500 euros e 1% gasta mais de 500 euros. Entre quem recorre aos ilegais, 15% gasta entre 100 euros e 500 euros e 5% gasta mais de 500", disse a APAJO à Lusa.

A associação indicou que os jogadores de plataformas ilegais enfrentam riscos e consequências, sendo um deles pagar uma multa de até 2.500 euros.

A associação alertou também que os utilizadores de operadores ilegais expõem-se a empresas que não são supervisionadas "com tendências predatórias, que não têm obrigação de garantir a proteção do dinheiro depositado, nem dos ganhos, nem dos dados" dos jogadores.

De acordo com a APAJO, os jogadores de plataformas ilegais não beneficiam das proteções do jogo responsável, que existem no mercado regulado.

No âmbito das plataformas de apostas legais, a associação disse que os 'sites' licenciados têm de assegurar o dinheiro depositado e o lucro dos jogadores.

Os operadores legais têm garantias bancárias obrigatórias, acrescentou a associação.

A associação destacou ainda a existência de um regulador que supervisiona os operadores licenciados, a que os utilizadores podem recorrer se necessário.

Os participantes do estudo que utilizam 'sites' de apostas legais disseram que preferem as plataformas licenciadas devido à maior segurança, apoio ao cliente e rapidez no levantamento de dinheiro.

Em relação aos jogadores de operadores ilegais, os valores das apostas são uma das razões que contribuem para a preferência devido aos preços mais acessíveis e atrativos para os utilizadores.

As outras razões para os jogadores utilizarem operadores ilegais são as promoções e a oferta diversificada, segundo o estudo.

Para combater as apostas em plataformas ilegais, o presidente da APAJO, citado no comunicado, pede "ao Governo, à Assembleia da República, aos reguladores envolvidos, e a todos os restantes 'stakeholders' públicos e privados", resultados efetivos em 2026, ano que marca o 10.º aniversário do lançamento dos primeiros operadores licenciados.

"É preciso tomar medidas com urgência. Não podemos continuar a lamentar-nos sem atuar", disse Ricardo Domingues, que pede que em 2026 acabe o acesso a métodos de pagamento associados a bancos portugueses em operadores de apostas ilegais e que seja proibida a promoção de plataformas sem licença nas redes sociais ou noutro meio, inclusive por parte influenciadores e criadores de conteúdo digital.

A exclusão dos operadores ilegais dos resultados dos motores de pesquisa e de plataformas de inteligência artificial também faz parte da lista de exigências.

A associação pede ainda um sistema de monitorização permanente e bloqueio rápido de 'sites' e aplicações ilegais.

Na lista das 15 plataformas de jogos mais utilizadas por portugueses, as quatro primeiras são ilegais, sendo estas as mesmas que estavam no topo em 2019, segundo a pesquisa.

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