Primeira dose da vacina pode chegar a 70% da população no início do verão

O vice-almirante Henrique Gouveia e Melo, coordenador da equipa de coordenação do plano de vacinação, disse que a previsão é de que 70% da população tenha recebido a primeira dose da vacina no fim do verão. 

No entanto, essa valor pode ser alcançado "no início de verão se o número de vacinas previsto chegar", acredita.

"Estamos num ritmo crescente de administração de vacinas e no segundo trimestre vai atingir médias entre 95 e 100 mil vacinas por dia". E em maio e junho superior a isso, sublinhou ainda o coordenador.

Pessoas sentem-se "agitadas, ansiosas ou tristes"

Carla Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública, refere que 21,9% das pessoas se sentem "agitadas, ansiosas ou tristes" todos os dias ou quase todos os dias

O indicador que mede a utilização da máscara refere que houve uma diminuição para 86% da utilização da proteção individual. "Há um ligeiro aumento nos indicadores como não usar máscara e sair de casa", disse Carla Nunes.

As mulheres e mais novos apresentam pior saúde mental no último mês.

Crianças e jovens vão representar maior caso de novas infeções

"Será nas idades escolares que vamos passar a encontrar as infeções, até por causa das escolhas que fizemos" com a vacinação, avisa Henrique de Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto.

O especialista disse ainda que o facto de se ter definido que as "crianças e adolescentes não tinham risco aumentado de infeção e de transmissão" levou a que houvesse "uma despreocupação com as ações e medidas de mitigação da infeção".

O especialista informou ainda que as novas variantes do vírus "têm risco aumentado de mortalidade" e que a mais perigosa é a espanhola. "A variante espanhola é a que tem a letalidade mais alta, mas é possível que a inglesa e a brasileira venham a ter relevância importante quando os números forem maiores", acredita Henrique Barros.

Portugal entre os países que mais sequenciações genómicas faz

Portugal está entre os países que mais sequenciações genómicas faz, informa João Paulo Gomes do Instituto Ricardo Jorge. Esta sequenciação é essencial para perceber como evolui o vírus e quais as variantes mais comuns em cada país.

Segundo o especialista, essa vigilância tem vindo a melhor ao mesmo tempi que a situação pandémica melhora.

O decréscimo do número de testes PCR vai levar a uma redução das sequenciações genómicas do SARS-CoV-2. Isto quer dizer que a testagem massiva através dos testes rápidos não pode ser usada para sequenciar os vírus.

Número de testes PCR tem vindo a diminuir desde janeiro, estando a ser feitos menos de metade dos testes feitos entre a segunda e quarta semana de janeiro.

O INSA propõe o aumento da amostragem, alargando a rede laboratorial para selecionar amostras positivas. Ou seja, recorrer a laboratórios da rede privada para poder fazzer a sequenciação do genoma dos PCR feito nessas empresas. E pede ainda que os testes rápidos que voltem com um resultado positivo faça um teste PCR para que se possa utilizar a amostragem para a sequenciar.

Variante do Reino Unido responsável por 70% dos novos casos

João Paulo Gomes, do INSA, informou que a variante do Reino Unido continua a aumentar a sua prevalência em Portugal. "Em Inglaterra essa prevalência é quase de 100% e isso acontecerá no resto dos países", acredita o especialista. "Nas próximas semanas, maior parte dos países europeus terão mais de 90% dos novos casos causados pela variante do Reino Unido", informou ainda.

Em Portugal, atualmente, a variante do Reino Unido é responsável por 70,3% dos novos casos, mas João Paulo Gomes diz que o número real deve estar acima dos 80% e que numa nova avaliação isso seria já demonstrado.

Até ao momento foram identificados 24 casos da variante da África do Sul, muito abaixo da Bélgica (mais de 300 casos), França e Reino unido (mais de 250) ou Alemanha (mais de 200).

"Saliento a importância do controlo de fronteiras nesta altura", refere João Paulo Gomes que lembra que a variante pode entrar via os voos que vêm de países onde esta variante é quase endémica (como na África do Sul), ou de países que têm voos regulares com esses países.

Existem ainda 16 casos relacionados com a variante associada a Manaus, no Brasil.

Mobilidade dos portugueses continua a aumentar

O índice de confinamento tem vindo a aumentar, "mas não de uma forma abrupta", informou Baltazar Nunes. Continua a registar-se um aumento do número de contactos nos vários grupos etários, disse ainda o especialista do INSA.

Controlo da pandemia tem de passar pelo aumento da testage, isolamento de casos e rastreio e o aumento da cobertura da vacina contra a covid-19, disse ainda o especialista, lembrando que estas são as respostas para o desconfinamento.

"Valor do R(t) tem vindo a aumentar", avisa Baltazar Nunes

O professor Baltazar Nunes revela que a média a 5 dias do R(t) é de 0,89. O valor mínimo que foi atingido foi 0,61 em meados de fevereiro e a 15 de março atingiu os 0,92.

"Ainda não é possível avaliar o impacto da abertura das creches", informou o especialista do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge.

O Altenjo é a região com o R(t) mais elevado no Continente. Já os Açores são a única região do país com um R(t) superior a 1.

É muito positivo que a incidência tenha valores baixos, mesmo que o R(t) continue a aumentar, realçou o professor.

O grupo etário com maior incidência é o que tem entre os 20 e os 30 anos, depois de esse grupo ter sido o grupo com mais de 80 anos, o que pode ser um resultado positivo do processo de vacinação.

Aumento de testes não levou a aumento da incidência

Mesmo com o aumento da testagem, a incidência manteve a tendência decrescente, explicou ainda o especialista da DGS André Peralta Santos. O especialista garante que os resultados são agora mais rápidos e que só há atrasos em 10% das notificações.

Quanto às variantes do vírus, houve um aumento da variante britânica, que está nos 73,3% em Lisboa e Vale do Tejo e ultrapassa os 60% no Norte. A Sul, a incidência desta estirpe é menor.

"Houve uma diminuição generalizada por todo o território"

"Houve uma diminuição generalizada por todo o território da incidência cumulativa", revela, dizendo que há "poucos" e "dispersos" concelhos acima dos 120 casos por cem mil habitantes, em zonas de pouca densidade populacional, revelou André Peralta Santos, da DGS.

De 14 a 20 de março (período do início do desconfinamento), em Lisboa manteve-se a tendência descrescente, mas alguns municípios já registam algum crescimento, notou ainda Peralta Santos.

Quanto às hospitalizações em cuidados intensivos, estão abaixo do indicador de 245 camas, revela o especialista. Quanto a hospitalizações por enfermaria, há uma descida muito expressiva no grupo com mais de 60 anos.

Reunião ocorre na segunda semana de desconfinamento

O Presidente da República, o primeiro-ministro e representantes dos partidos reúnem-se hoje com peritos de saúde pública de várias instituições, no início da segunda semana do processo de desconfinamento do país.

Como tem sido habitual nas últimas semanas, a reunião sobre a evolução da pandemia de covid-19 em Portugal, na qual também participa o presidente da Assembleia da República, vai decorrer por videoconferência a partir das 10:00, estando presentes nas instalações da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) a ministra da Saúde, Marta Temido, e a maioria dos especialistas.

A sessão inicia-se com a apresentação de André Peralta Santos, da Direção-Geral da Saúde, sobre a situação epidemiológica, seguindo-se a perspetiva da evolução da incidência e da transmissibilidade do vírus SARS-CoV-2 a cargo de Baltazar Nunes e Ricardo Mexia, do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

João Paulo Gomes, também do INSA, fará a atualização das variantes do vírus no país, cabendo a Henrique de Barros, do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, uma apresentação sobre um ano de aprendizagem da covid-19 em Portugal.

A reunião prossegue com a apresentação das perceções sociais da pandemia no país, a cargo de Carla Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade Nova de Lisboa, e com o ponto de situação da vacinação pelo coordenador da `task force´ vice-almirante Henrique Gouveia e Melo.

No início da segunda semana de reabertura do país, Portugal apresentava, na segunda-feira, uma incidência de 81,3 novos casos de infeção com SARS-CoV-2 por 100 mil habitantes e um índice de transmissibilidade (Rt) de 0,89, segundo o boletim conjunto da Direção-Geral da Saúde e do INSA.

Estes indicadores -- uma incidência do número de novos casos de covid-19 abaixo dos 120 por 100 mil habitantes e um índice de transmissibilidade (Rt) inferior a 1 -, são os critérios definidos pelo Governo para a revisão continua do processo de desconfinamento.

Na quinta-feira, a Assembleia da República vai debater e votar o projeto de decreto presidencial para a renovação do estado de emergência por novo período de 15 dias, com efeitos a partir de 01 de abril e que abrangerá o período da Páscoa.