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Lua de Saturno possui estabilidade para o desenvolvimento de vida

Lusa 19:24
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A presença de água líquida, calor e determinados elementos químicos significa que o oceano sob a superfície de Encélado pode ser um dos melhores locais no Sistema Solar para a vida ter evoluído.

Encélado, lua de Saturno que tem um oceano salgado sob a crosta gelada, está a perder calor nos polos, o que indica que possui a estabilidade de longo prazo necessária para o desenvolvimento de vida, sugere um estudo.

Lua de Saturno tem estabilidade para desenvolvimento de vida, revela estudo da Science Advances
Lua de Saturno tem estabilidade para desenvolvimento de vida, revela estudo da Science Advances AP Photo/NASA

O estudo, divulgado esta sexta-feira na publicação científica de acesso aberto Science Advances, revela que Encélado está a emitir muito mais calor do que seria esperado se fosse simplesmente um corpo passivo, reforçando a hipótese de que poderia suportar vida tal como se conhece, refere em comunicado a Universidade de Oxford, no Reino Unido, que participou na investigação.

Anteriormente pensava-se que a perda de calor ocorria no polo sul da lua, onde jatos de vapor de água irrompem de fissuras profundas da superfície, mas o novo estudo fornece o primeiro indício de fluxo de calor significativo no polo norte, que se pensava ser geologicamente inativo.

Segundo os cientistas, a presença de água líquida, calor e determinados elementos químicos, como fósforo e hidrocarbonetos complexos, significa que o oceano sob a superfície de Encélado pode ser um dos melhores locais no Sistema Solar para a vida ter evoluído fora da Terra.

Contudo, para poder suportar vida, este oceano tem que ter um ambiente estável, com as suas perdas e ganhos de energia em equilíbrio, que é mantido pelo calor gerado pelas marés a que o oceano está sujeito: a gravidade de Saturno distende e comprime Encélado enquanto a lua orbita o planeta, gerando calor no interior de Encélado.

Se a lua não acumular energia suficiente, a atividade na superfície diminuirá ou cessará, e o oceano poderá eventualmente congelar. Por outro lado, demasiada energia poderá provocar um aumento da atividade no oceano, alterando o seu ambiente, explica o comunicado da universidade britânica.

A partir da análise de dados transmitidos pela sonda espacial Cassini, que esteve 13 anos em órbita de Saturno, entre 2004 e 2017, os autores do estudo hoje divulgado compararam as observações da região polar norte no inverno rigoroso (2005) e no verão (2015).

Os dados foram posteriormente utilizados para medir a quantidade de energia que Encélado perde do seu oceano (0ºC) à medida que o calor viaja através da camada de gelo até à superfície (-223ºC) e depois é projetado para o espaço.

Quando combinada com o calor previamente estimado que escapa do polo sul ativo de Encélado, a perda total de calor da lua sobe para 54 gigawatts, "um valor que corresponde de perto à entrada de calor prevista pelas forças de maré".

"Este equilíbrio entre a produção e a perda de calor sugere fortemente que o oceano de Encélado pode permanecer líquido durante escalas de tempo geológico, oferecendo um ambiente estável onde a vida poderia potencialmente surgir", sublinha a Universidade de Oxford.

O próximo passo da investigação será determinar se o oceano de Encélado existe há tempo suficiente para que a vida se desenvolva (neste momento, a sua idade ainda é incerta).