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Legionella: Engenheiros querem responsabilização de autores de projecto

"Está-se a apontar muito para as análises do ar e isso é uma coisa secundária", diz presidente de associação.

Os engenheiros de frio e ar condicionado defenderam hoje a necessidade de responsabilizar os profissionais, da concepção à utilização dos sistemas, apontando que a maior parte dos surtos de 'legionella' surge dos sistemas de água e torres de arrefecimento.

"Os autores de projecto não são responsabilizados porque a sequência do projecto, a sua elaboração, a aplicação em obra e a fiscalização não são seguidas" por quem os concebeu, disse à agência Lusa o presidente da Associação Portuguesa dos Engenheiros de Frio Industrial e Ar Condicionado, a EFRIARC, que congrega os profissionais de engenharia na área dos sistemas de climatização e da refrigeração.

"Não somos responsabilizados, não é por que não queiramos, é porque não nos deixam", realçou António Lopes do Rego, especificando que "a linha de responsabilização é quebrada pelos donos de obra".

O especialista comentava o último surto da doença do legionário no hospital S. Francisco Xavier que afecta 41 pessoas e já provocou duas mortes.

"Em nosso entender, não é um problema de mais ou menos análises, é um problema da forma como tudo está contratualizado, a partir do momento em que se faz o projecto, ai a responsabilidade não existe em lado algum, desde o projectista ao instalador", insistiu o presidente da EFRIARC.

Para António Lopes do Rego, "está-se a apontar muito para as análises do ar e isso é uma coisa secundária", pois quando se faz uma análise ao ar e é detectada a bactéria 'legionella', "o mal já está feito".

Os engenheiros de frio industrial e ar condicionado consideram que se fala muito dos sistemas de ar condicionado sempre que surgem casos de 'legionella' o que não é correto.

"O problema do ar condicionado é um 'falso' problema porque a maior parte dos surtos de 'legionella' não [chega] através dos sistemas de ar condicionado, mas [sim] através dos sistema de água ou através da emissão das torres de arrefecimento, por exemplo, em via pública, como foi o caso de Vila Franca" de Xira, explicou o presidente da associação.

Em Portugal, continuou, "é raro" o sistema de ar condicionado que tem torres de arrefecimento.

De uma maneira geral, "as torres de arrefecimento não fazem parte das instalações de ar condicionado, existem em processos industriais e não em ar condicionado", apontou, referindo um exemplo: "É muito mais perigoso entrar num centro comercial e sentar-se perto de uma das fontes" de decoração do que "estar num sítio com ar condicionado", devido à temperatura da água.

Alertou ainda que, "em grande parte das situações em hospitais e hotéis, é nos banhos [que é detectada a bactéria] porque a água dos banhos, dada a temperatura a que é acumulada e distribuída, pode conter grandes quantidades de 'legionella' e se o chuveiro provocar aerossol, a pessoa apanha 'legionella'".

Segundo a Direcção-Geral de Saúde, o primeiro caso de diagnóstico do último surto da doença dos legionários foi confirmado a 31 de Outubro.

No total, já foram detectados 41 casos deste surto, que provocou dois mortos.

Na terça-feira, o ministro da Saúde disse que a origem do foco de 'legionella' em Lisboa foi o hospital São Francisco Xavier, considerando que as primeiras evidências apontavam logo para uma emissão dentro do perímetro da unidade hospitalar.

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