Sábado – Pense por si

Golfinhos com três metros? Existiram na Amazónia há 16 mil anos

Foi encontrado um fóssil de um golfinho gigante no Peru. Apesar de extinto, a espécie tem ainda parentes vivos no Sul da Ásia.

Cientistas da Universidade de Zurique, na Suíça,descobriram o crânio fossilizadode umPebanista yacuruna, uma espécie de golfinho de água doce, que se acreditava ter fugido do oceano para procurar um refúgio nos rios amazónicos do Peru, há 16 mil anos. Com um comprimento a ultrapassar os 3 metros, e com um nome que homenageia um povo aquático mítico - os Yacuruna - este é o maior golfinho de rio alguma vez encontrado.

Jaime Bran

O fóssil já havia sido descoberto por Benites-Palomino no Peru, em 2018, quando era ainda um estudante universitário, no entanto, o trabalho de investigação acabou por se atrasar devido à pandemia. Agora que se encontra num doutoramento, no departamento de paleontologia da Universidade de Zurique, Benites explica como encontrou o fragmento da mandíbula, enquanto passeava com um colega.

"Assim que o reconheci, vi os encaixes dos dentes. Gritei: 'isto é um golfinho'. Não podíamos acreditar. Depois percebemos que não estava relacionado com o boto-cor-de-rosa [uma espécie de golfinho] do rio Amazonas. Tínhamos encontrado um animal, um gigante, cujo parente vivo mais próximo está a 10 mil quilómetros de distância, no sudeste da Ásia."

A descoberta foi considerada intrigante para o diretor do departamento de paleontologia da Universidade de Zurique, Marcelo Sánchez-Villagra. "Após duas décadas de trabalho na América do Sul", que resultaram no encontro de várias espécies na região, este "é o primeiro golfinho deste tipo".

Já extinto, esta descoberta realça os riscos iminentes para os restantes golfinhos fluviais do mundo, que ainda nadam pelos rios Ganges e Indo e enfrentam extinções semelhantes nos próximos 20 a 40 anos, de acordo com o autor da investigação. Em Portugal, os ruazes do Sado também têm sido apontados como espécie em risco. No rio Yangtze, na República Popular da China, o desenvolvimento urbano, a poluição e a extração mineira foram apontadas como algumas das principais causas para a extinção dos golfinhos, decretada em 2007.

Artigos Relacionados
No país emerso

Por que sou mandatária de Jorge Pinto

Já muito se refletiu sobre a falta de incentivos para “os bons” irem para a política: as horas são longas, a responsabilidade é imensa, o escrutínio é severo e a remuneração está longe de compensar as dores de cabeça. O cenário é bem mais apelativo para os populistas e para os oportunistas, como está à vista de toda a gente.

Visto de Bruxelas

Cinco para a meia-noite

Com a velocidade a que os acontecimentos se sucedem, a UE não pode continuar a adiar escolhas difíceis sobre o seu futuro. A hora dos pró-europeus é agora: ainda estão em maioria e 74% da população europeia acredita que a adesão dos seus países à UE os beneficiou.