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Caverna descoberta na Lua pode acolher humanos? Só daqui a 20 ou 30 anos

Beatriz Rainha com Ana Bela Ferreira 17 de julho de 2024 às 07:00
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Descoberta cria a possibilidade de uma base humana permanente no satélite terrestre. Mas também abre hipóteses de estudo do sistema solar e até de descobrir grutas em Marte.

Os cientistas descobriram uma gruta na Lua que terá pelo menos 100 metros de profundidade. Um local que pode vir a ser o ideal para estabelecer humanos no satélite natural da Terra.

NASA

Esta não deve, no entanto, ser a única caverna lunar, já que os cientistas estimam que existam centenas escondidas em um "mundo subterrâneo e desconhecido."

A descoberta esteve a cargo dos cientistas Lorenzo Bruzzone e Leonardo Carrer, da Universidade de Trento, na Itália, e foi feita usando um radar para penetrar na abertura de um poço numa planície rochosa chamadaMare Tranquillitatis. O local onde a tripulação da Apollo 11 alunou em 1696 e que foi formada quando a lava fluía na Lua, há milhões ou biliões de anos.

As cavernas vulcânicas em Lanzarote, Espanha, serão o mais próximo que existe na Terra, segundo explicou Leonardo Carrer, à BBC. Acrescentando que visitaram essas cavernas para complementar o trabalho de descoberta lunar.

Confrontados pela descoberta e o seu tamanho, os cientistas Bruzzone e o Carrer perceberam que poderia ser um bom local para uma base lunar. "Afinal, a vida na Terra começou em cavernas, então faz sentido que humanos possam viver dentro delas na Lua", afirmou Carrer. 

A caverna ainda não foi totalmente explorada, mas esperam que radares, câmaras ou até mesmo robôs possam ser usados para mapeá-la.

Com esta descoberta a corrida uma presença permanente de humanos na Lua poderá ser acelerada, mas a necessidade de proteger os astronautas da radiação, das temperaturas extremas e do clima espacial ainda é um entrave. Helen Sharman, a primeira astronauta britânica a viajar ao espaço, referiu à televisão pública inglesa que a caverna recém-descoberta parece um bom lugar para uma base, mas apontou que só se consiga viver lá daqui a 20 a 30 anos, o único problema é a profundidade da caverna. Poderá ser necessário "fazer rapel, usar mochilas a jato ou um elevador" para sair, apontou a astronauta. 

Os cientistas perceberam pela primeira vez que provavelmente havia cavernas na Lua há cerca de 50 anos. Mas só em 2010 é que uma câmara foi utilizada numa missão para tirar fotografias de poços que os cientistas pensaram que poderiam ser entradas de cavernas. Mas os investigadores não sabiam quão profundas poderiam ser ou se havia a possibilidade de terem desabado. O trabalho de Bruzzone e de Carrer agora respondeu a essa pergunta, embora ainda haja muito para ser feito para podermos entender a escala total da caverna. 

A pesquisa também pode dar pistas para a exploração de cavernas em Marte, abrindo caminho para encontrar evidências de vida em Marte, porque se ela existisse, quase certamente estaria dentro de grutas protegidas dos elementos na superfície do planeta. 

A caverna lunar pode ser útil para os humanos, mas os cientistas também enfatizam que ela pode ajudar a responder questões fundamentais sobre a história do satélite e até mesmo do nosso sistema solar. As rochas dentro da caverna não estarão tão danificadas pelo clima espacial e podem fornecer um extenso registo geológico que remonta a biliões de anos.

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