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"Ainda é cedo" para saber como pandemia afetou pessoas com trissomia 21

Leonor Riso
Leonor Riso 05 de março de 2021 às 08:00
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Obesidade e doenças hepáticas, renais e cardíacas são um perigo para doentes com trissomia 21, frisa APPT. Vacinação era pedida desde dezembro.

Cerca de 3.500 pessoas com trissomia 21 serão integradas nos grupos prioritários para a vacinação contra a covid-19, anunciou Graça Freitas a 1 de março. A Associação Portuguesa de Portadores de Trissomia 21 (APPT21) aguarda mais informações o processo de vacinação que pedia desde dezembro e aconselha as pessoas com mais de 16 anos - as que podem ser vacinadas, de acordo com as regras das vacinas da Moderna (pode ser administrada a partir dos 16 anos), da Pfizer/BioNTech e Oxford/AstraZeneca (ambas a partir dos 18 anos) - a contactarem os centros de saúde.

Maria João Palha, presidente da Direção da APPT21, frisa a importância da vacinação contra a covid-19 para os doentes. "Em dezembro, enviámos uma carta a explicar as razões. Estes doentes têm maior prevalência de défice de imunidade, hipotonia [diminuição da força] muscular e é mais difícil terem uma tosse eficaz, por não expelirem as secreções. Isso pode agravar problemas do quadro respiratório. Também apresentam uma maior incidência de doenças hepáticas, renais e cardíacas, bem como uma maior prevalência de obesidade, que é um factor de risco importante quanto à covid-19", elenca.

"Devido ao cromossoma a mais, quase todos os adultos passam por envelhecimento precoce, com sintomas de Alzheimer a partir dos 35 anos", relata Maria João Palha. Em pandemia, o défice cognitivo que apresentam as pessoas com trissomia 21 torna mais difícil "adotar medidas de distanciamento". "Toleram mal as situações de isolamento social."

E de que forma é que o isolamento social forçado afetou as pessoas com trissomia 21? "É muito cedo para saber. Estes doentes ainda nem foram reavaliados por causa da pandemia", lamenta Maria João Palha.

A diretora da APPT21 recorda umestudopublicado em maio de 2020 que concluiu que os doentes com trissomia 21, com mais de 40 anos, que tivessem sido hospitalizados, apresentavam uma taxa de mortalidade semelhante à dos idosos com 80 anos também internados: 45%. "Em caso de escassez de cuidados de saúde, os doentes com trissomia 21 também podem ter maior dificuldade no acesso às Unidades de Cuidados Intensivos", adianta Maria João Palha.

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