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Medicamento contra o cancro dos pulmões é nova esperança para a covid

Ana Bela Ferreira 02 de abril de 2021 às 11:47

Anti-inflamatório teve resultados positivos em ratinhos de laboratório. Medicamento conseguiu travar a doença mesmo quando foi aplicado dias depois de ter começado a infeção.

Há uma nova esperança em conseguir um medicamento eficaz contra a covid-19. Cientistas do Mount Sinai (o maior sistema médico académico de Nova Iorque) descobriram que um anti-inflamatório comum e de baixo preço reduziu a morbilidade e mortalidade em ratinhos de laboratório infetados com SARS-Cov-2, o vírus que provoca a covid-19.

NIH/Handout via REUTERS

Ós investigadores indicam que o medicamento topotecano (TPT), usado no tratamento de cancros como o do pulmão ou ovários, inibiu a capacidade inflamatória dos genes nos pulmões dos ratinhos. A ação do medicamento foi visível mesmo quando iniciada a toma ao quarto dia da infeção. As descobertas que podem ter implicações no tratamento dos humanos foram publicadas numestudo na revista Cell, a 30 de março. 

"Até agora, nos modelos pré-clínicos de SARS-Cov-2, não existem tratamentos - sejam antivirais, anticorpos ou plasma - que tenham mostrado ser eficazes para travar a covid-19, quando administradas mais do que um dia depois da infeção", sublinhou o autor Ivan Marazzi, professor de Microbiologia na Escola de Medicina Icahn do Mount Sinai. Esta descoberta é ainda mais importante dado que a maioria dos doentes que tem formas graves de covid-19 e é internada, só começa a ter sintomas alguns dias após a infeção. "Decidimos ir por um caminho diferente e tentar encontrar potenciais tratamentos que podem ser usados em estádios mais tardios da infeção", acrescentou o investigador, citado pelaEurekAlert.

Foi nessa investigação que os médicos descobriram que "os inibidores TOP1 mesmo dados dias depois da infeção ainda conseguem limitar a expressão de genes super-inflamatórios nos pulmões de animais infetados e melhorar o desenvolvimento da doença". A juntar a esta descoberta está o facto de este ser já um medicamento aprovado em quase todo o mundo que é usado como antibiótico e no tratamento de alguns cancros.

Embora ainda não se conheça totalidade da fisiologia patológica do SARS-CoV-2, os cientistas sabem que o vírus espoleta uma produção em excesso de citocinas e quimiocinas - proteínas segredadas pelas células do sistema imunitário para ajudar a combater uma infeção. Uma resposta imunitária exagerada, o que acontece com frequência nos pulmões de doentes com covid-19, pode inunar esta área de glóbulos brancos causando inflamação, possíveis danos nos órgãos, a sua falência e morte. Por isso, é importante descobrir como reduzir esta inflamação nos pulmões.

A segurança e eficácia deste medicamento em humanos com covid-19 será em breve testada em hospitais em todo o mundo, incluíndo na Índia, um começou recentemente um estudo clínico, e em Singapura.

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