O realizador, boicotado por distribuidoras americanas, disse que quem o ataca está a errar. "Mas as pessoas estão sempre a cometer erros, não é trágico."
O cineasta norte-americano Woody Allen, que abriu na sexta-feira à noite o Festival de Deauville, em França, com o seu mais recente filme, disse à cadeia France Inter que aqueles que o atacam cometem "um erro".
Numa entrevista publicada no 'site' da maior rádio pública francesa, citada pela Agência France-Presse, Woody Allen, boicotado por distribuidoras norte-americanas, na sequência de acusações de abuso sexual, disse que quem o ataca está a errar. "Mas as pessoas estão sempre a cometer erros, não é trágico", acrescentou.
"Devem levar o meu filme para [as salas dos] Estados Unidos, tomar consciência da verdade", afirmou o cineasta à rádio francesa, no dia de abertura do Festival de Deauville, mostra anual de cinema norte-americano em França.
"Um Dia de Chuva em Nova Iorque", o mais recente filme de Woody Allen, protagonizado por Timothée Chalamet e Elle Fanning, foi exibido na abertura oficial do festival, vai chegar às salas francesas de cinema no próximo dia 18 e tem a estreia portuguesa anunciada para 24 de outubro.
A distribuição comercial nos Estados Unidos foi cancelada pela Amazon, na sequência dos protestos de Dylan Farrow, filha adotiva de Woody Allen, que retomou as acusações de agressão sexual contra o cineasta, no ano passado.
Woody Allen negou sempre estas acusações.
Dylan Farrow alega ter sido abusada em 1992, quando tinha 7 anos. A jovem é apoiada pela mãe, a atriz Mia Farrow, e pelo irmão Ronan, jornalista vencedor do Prémio Pulitzer, pela investigação ao produtor Harvey Weinstein e às acusações de agressão sexual de que este é alvo.
Os processos contra o cineasta foram sempre arquivados, após investigação.
"Gostei muito de trabalhar com a equipa" de "Um Dia de Chuva em Nova Iorque", disse Woody Allen à France Inter, na sexta-feira, quando questionado sobre o peso das acusações no ambiente de trabalho. "Divertimo-nos imenso [durante as filmagens]. Todos queriam trabalhar" afirmou, acrescentando que todos são "livres de ter as suas opiniões, de pensar o que quiserem".
Timothée Chalamet, que protagoniza o filme, doou o 'cachet' ao movimento Time's Up, de defesa a vítimas de abuso.
"Tenho 83 anos, não vou ficar por cá durante por muito mais tempo", declarou Woody Allen à France Inter. "Portanto, nada é assim tão grave".
"Todas as provas me apoiam, todas as investigações realizadas me ilibaram", assegurou a outro canal, a France 5, em declarações também citadas pela France-Presse. "Espero que um dia percebam [os que me acusam] que cometeram um erro triste (...). Errar é humano, não é trágico, mas é irritante e triste".
Confrontado com o movimento #MeToo, o cineasta disse que tinha um "percurso irrepreensível".
"Faço cinema há 50 anos, trabalhei com centenas de atrizes e nenhuma suspeitou sequer de comportamento questionável [da minha parte] (...). Sempre contratei mulheres para os papéis principais e sempre lhes pagámos o mesmo que aos homens. Fiz sempre o que o movimento #MeToo reivindica", garantiu.
Várias celebridades afastaram-se de Woody Allen, nos últimos anos, mas o realizador recebeu recentemente apoio público de atrizes como Catherine Deneuve e Scarlett Johansson.
"Ele afirma que está inocente e eu acredito", disse em agosto a atriz norte-americana, que já filmou "Scoop", "Match Point" e "Vicky Cristina Barcelona", com o cineasta.
Deneuve considerou "incrível" o tom das acusações de que Woody Allen é alvo e assegurou que aceitaria filmar com ele.
Diane Keaton, com quem Woody Allen fez vários filmes, como "Annie Hall", "Intimidade" e "Manhattan", defendeu sempre o realizador, a par de atores como Selena Gomez e Alec Baldwin.
Woody Allen acabou em agosto a rodagem de "Rifkin's Festival", em Espanha, filme com Christoph Waltz, Gina Gershon e Elena Anaya, que deverá estrear-se em 2020.
"Enquanto continuar a ter financiamento, continuarei a fazer filmes", disse na sexta-feira à France Inter.
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