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Subida do preço dos ovos fez aumentar o aluguer de galinhas nos EUA. E em Portugal?

Preço dos ovos em Portugal já disparou 27%, podendo meia dúzia chegar aos €2,05. Contudo, não se terá verificado um aumento no número de animais registados, indica a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária.

Desde o início do ano que o preço dos ovos em Portugal não para de subir. Comprar ovos em território nacionalcusta agora mais 27%, o que significa que, se antes os portugueses pagavam €1,61, por meia dúzia agora pagam €2,05. Nos Estados Unidos os ovos estão tão caros (€5,5 por uma dúzia) que o aluguer de galinhas está a disparar. E em Portugal? Estarão os preços a proporcionar um aumento na procura por galinhas poedeiras?

Embora em Portugal não haja conhecimento da existência da prática de aluguer de galinhas, à semelhança do que acontece nos EUA, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) informa que pelo menos desde setembro de 2023 que "não se verifica o aumento no número de animais registados".

Segundo dados da DGAV enviados à SÁBADO, em setembro de 2023, Portugal tinha um total de 8.933.653 galinhas poedeiras registadas em explorações com mais de 350 animais. Em fevereiro de 2024 contavam-se 9.029.374 galinhas poedeiras, sendo que em setembro do mesmo ano haviam 8.421.471 animais. Em fevereiro deste ano foram, então, registadas 8.067.826 galinhas poedeiras.

Aquisição de galinhas sujeita a licença?

De acordo com a DGAV, a "aquisição de galinhas poedeiras está sujeita ao cumprimento das regras aplicáveis ao exercício da atividade pecuária, conforme estabelecido no Decreto-Lei n.º 81/2013, de 14 de junho." Este decreto determina "o regime de licenciamento, sendo o procedimento aplicável a determinado pelo número de animais".

"No caso de detenção de um número reduzido de aves (até 100 galinhas) destinadas apenas a autoconsumo ou a venda em mercados locais, a legislação prevê um regime simplificado designado 'detenção caseira'", explica a DGAV.

Isto significa que quem possui menos de 100 galinhas, está "isento de licenciamento NREAP" mas "sujeito a registo prévio no Sistema Nacional de Identificação e Registo Animal (SNIRA), antes do início de atividade", conforme indica o mesmo decreto-lei.

Ovos biológicos diferem dos ovos convencionais?

Apesar de nos EUA se registar agora uma maior procura por galinhas poedeiras, como forma de combater os altos preços dos ovos, Nuno Pais de Figueiredo, porta-voz da DECO PROteste, esclarece à SÁBADO que "não há grandes diferenças nutricionais entre os ovos biológicos e os ditos convencionais".

"Nos testes feitos pela DECO PROteste, a qualidade dos ovos, de um modo geral, não difere muito. Tanto os que têm origem em galinhas criadas ao ar livre como as criadas ao solo apresentam resultados positivos e de boa qualidade para o consumidor", garante.

Segundo Nuno Pais de Figueiredo, os ovos de produção biológica indicam apenas que estes "são provenientes de galinhas criadas ao ar livre, em que 80% do alimento deve ser de origem biológica". Além disso, nestes casos, "o produtor deve assegurar que cada ave tem, pelo menos, 4 m2 de espaço ao ar livre."

Apesar de não se registar grande diferença entre a qualidade dos ovos, os preços podem ser, no entanto, um pouco oscilantes.

"O  preço mais elevado nem sempre significa melhor qualidade. De qualquer forma, por norma, os ovos das galinhas criadas ao ar livre são os mais caros em média, 15% a 20%", esclarece o porta-vos da DECO PROteste.

Os sinais a que deve estar atento na compra de ovos

Com tanta variedade de ovos existente nos supermecados, é normal que possa haver também alguma indecisão na hora da compra. Como escolher, então, os melhores ovos? Nuno Pais de Figueiredo dá algumas dicas.

"O ovo velho tem a casca mais lisa e com um certo brilho, diferente da casca do ovo novo, que é áspera e opaca", começa por alertar. "Quando aberto, um ovo fresco não tem praticamente cheiro. A clara revela uma consistência gelatinosa, e a gema é saliente. A zona que envolve a gema mostra-se firme e espessa. Se a clara estiver fluída e a gema achatada, provavelmente o ovo está envelhecido." 

A "cor da casca e da gema" é assim "uma questão secundária" no que toca à escolha do ovo, isto porque, segundo Nuno Pais de Figueiredo, "não influenciam a qualidade dos ovos".

"A cor da casca pode depender da raça das galinhas. No entanto, a casca branca tem a vantagem de ser mais sólida e menos permeável, facilitando a conservação."

Já a "cor da gema, depende da alimentação dos animais, que, quando tem por base o milho ou rações com corantes, se torna mais amarela." "Uma vez rachado, o ovo perde parte das propriedades naturais", acrescenta.

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