Sábado – Pense por si

Maria Eugénia Varela Gomes, uma lutadora sem limites (1925-2016)

Dulce Neto
Dulce Neto 28 de novembro de 2016 às 18:23

Um dia de neve salvou-a da depressão, muitos dias com os livros ofereceram-lhe mundo. Antígona e Cassandra, presa e torturada, figura marcante da luta anti-fascista e da ajuda aos presos políticos, foi sempre demasiado livre para ser de um partido

Embrulhada no seu eterno casaco castanho comprido sentia o peso do medo nas ruas de Beja. Caminhava no meio do silêncio forçado para o hospital onde estava o marido. Soubera em Lisboa, "pela telefonia", que o assalto ao quartel tinha falhado e que João Varela Gomes fora gravemente ferido. Sob apertado controle militar a população não podia falar, mas ela sentiu-lhe a simpatia: "Ofereciam-me apoio, perguntavam baixinho se precisava de alguma coisa, queriam saber como estava o meu marido; um taxista, por exemplo não quis receber dinheiro...", recordou na entrevista à investigadora Manuela Cruzeiro para o projecto de História Oral sobre o 25 de Abril. Nesses dias de Janeiro de 1962, sem saber se João estava vivo ou morto, Maria Eugénia Varela Gomes foi presa pela PIDE e enviada para Caxias. "Fumei durante todo o caminho a pensar no que me esperava". 

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