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Francisco Castro Rodrigues (1920-2015), o arquitecto do Lobito

Dulce Neto
Dulce Neto 07 de maio de 2015 às 13:55

Nasceu português, filho de maçon anarco-sindicalista e fez-se angolano e comunista. É ele o arquitecto do Lobito moderno, de onde fugiu de Savimbi num barco de carga com uma panela de ovos. Ficou em Angola depois da independência, a ajudar a construir o país. Às vezes, sob balas

Deixou a meio o seu prato favorito, dobrada guisada com ervilhas e pedaços de cenoura, quando foi preso, aos 26 anos. Por isso, nas 54 horas seguintes em que nada lhe deram para comer, a fome misturou-se com o medo. Em casa, o pai, para não afligir a mulher, de coração frágil, escondeu-lhe o que acontecera. "Todos os dias, quando saía para a câmara, desfazia a minha cama, dava uns socos na almofada e urinava no penico". Como o filho tinha muitas actividades e nunca estava em casa, quando a mãe abria a porta do quarto, antes de ir dar aulas de Desenho, pensava: "Já saiu." O engano durou 15 dias, enquanto esteve incomunicável, conta Francisco Castro Rodrigues em Um cesto de cerejas, o seu livro de memórias organizado por Eduarda Dionísio.

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