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Fact Checking: As notícias falsas que surgiram do apagão

Gabriela Ângelo 28 de abril de 2025 às 21:30
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Durante os momentos de incerteza e agitação causados pelo apagão, surgiram notícias falsas sobre o restabelecimento da energia e o motivo da falha.

A meio da manhã, Portugal, Espanha e algumas regiões da França registaram falhas de energia que afetaram o funcionamento dos serviços de comunicação, transportes, hospitais e bancos, gerando agitação e incerteza. Ainda estão por apurar as causas que levaram a este apagão, mas certas zonas estão aos poucos a restabelecer energia.

apagão lisboa
apagão lisboa Bruno Colaço

Os aeroportos nacionais encerraram e voos foram cancelados, nas grandes metrópoles o trânsito intensificou-se devido à falha de sinalização, os metropolitanos e comboios ficaram parados e as pessoas dirigiram-se aos supermercados comprar bens essenciais, velas e pilhas. 

Este apagão foi rapidamente resolvido na França mas a Península Ibérica está a demorar umas horas a voltar à normalidade. Os arquipélagos dos Açores e da Madeira não registaram qualquer falha de eletricidade.

Durante esta altura de incerteza, circularam pelas redes sociais notícias falsas e os poucos que conseguiram ter acesso a internet ou dados móveis espalharam-nas, talvez sem analisarem a veracidade do conteúdo.

As ligações energéticas só seriam repostas passado uma semana

Uma das notícias falsas iniciais a circular dizia que a REN afirmava que iria demorar uma semana a restabelecer a eletricidade em Portugal. Pouco tempo depois, a gestora energética desmentiu "categoricamente" esta informação e numa nota enviada à comunicação social afirmava estar "já a proceder às operações tendentes à reenergização do sistema elétrico nacional, de cujo andamento irá dando conhecimento público, através dos seus canais oficiais". Alertando ainda para o surgimento de outras informações falsas, "todas as informações provenientes de outras fontes devem ser desconsideradas".

O apagão resultou de um ciberataque russo

Pelo WhatsApp, circulou a notícia de que o apagão tinha resultado de um ciberataque russo. A informação, que tinha indicação de ser relatada pela CNN Internacional, dizia que "as agências de cibersegurança da União Europeia consideram grupos russos apoiados pelo Estado como os principais suspeitos por detrás das perturbações generalizadas". 

Foi utilizada ainda uma citação falsa da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, onde referia que era um "ataque direto à soberania europeia" e que "responderemos com unidade, força e resiliência".

Na verdade, a única declaração feita pela presidente foi através de uma publicação da rede social X onde reafirmou o apoio da Comissão na sua colaboração com as "autoridades nacionais e europeias" para ajudar a restabelecer "o sistema elétrico". 

A alegada notícia também incluiu uma "resposta" do Kremlin que teria sido acusado pelo ciberataque. No entanto, o ministro da Presidência, António Leitão Amaro, durante a tarde anunciou que ainda não havia confirmação de que se tratava de um ataque informático, e o Centro Nacional de Cibersegurança afirmou também que não havia essa suspeita. 

A E-Redes anunciou como causa "avarias em linhas de alta tensão de 400 mil volts"

Outra mensagem que surgiu no Whatsapp pouco depois do apagão foi atribuída à E-REDES, empresa que gere a distribuição energética. A informação anunciava que "um problema na rede elétrica europeia afetou a rede nacional" assim como "regiões na Espanha e França" e que se devia a "avarias em linhas de muito alta tensão de 400.000 volts". 

No entanto, o primeiro comunicado da empresa foi feito pelas 13h30 onde confirmou apenas que a distribuição de eletricidade em Portugal estava a sofrer constrangimentos, sem indicar o motivo. 

O falso comunicado pode ter sido baseado numa declaração que a empresa partilhou em julho de 2021.

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