Cláudia Meira, gestora da Linha de Apoio à Vítima, relata um caso de uma mãe que, para evitar cruzar-se com o filho dentro de casa, até tinha um fogão de campismo na varanda do quarto.
Covid-19: APAV registou aumento da violência contra idosos
Quando o telefone toca, ela pergunta: "Em que posso ajudar?". As histórias do outro lado da Linha de Apoio à Vítima (116 006, chamada gratuita) são terríveis: pais que agridem os filhos, ou o inverso, netos que maltratam avós, ofensas verbais, negligências. Cláudia Meira, de 31 anos, é quem mais ouve os relatos. Entrou como voluntária, aos 25 anos. Em situações-limite, prontifica-se a dar apoio – ainda que à distância. Informa, acalma as vítimas com ataques de pânico, reencaminha os casos para atendimento presencial e as denúncias às autoridades.
Gestora deste serviço da APAV (Associação Portuguesa de Apoio à Vítima), criado em 2014 e que funciona nos dias úteis das 9h às 21h, Cláudia já perdeu a conta aos pedidos de socorro. Desde a pandemia, está em regime de teletrabalho e supervisiona a equipa de 15 voluntários com a ajuda do WhatsApp. Não especifica o local onde dá a entrevista telefónica à SÁBADO, por motivos de segurança diz apenas que está nos arredores de Lisboa.
Durante a quarentena houve menos denúncias das vítimas por estarem em casa com os agressores? Efetivamente, houve menos contactos das vítimas durante os primeiros dias da quarentena. Mas os denunciantes vizinhos nunca foram tantos como nesta fase de confinamento. Por estarem mais tempo em casa, perceberam que no prédio onde residem existe uma situação de violência. Não só entre casais, mas também contra os idosos, as crianças e os jovens. Neste período notei que tivemos um aumento de denúncias ao Ministério Público e de sinalizações à CPCJ (comissão de proteção de crianças e jovens). Ao nível deste tipo de diligências, fizemos cerca de 35.
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