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Caetano Veloso: "Estamos prestes a perder as liberdades" no Brasil

09 de setembro de 2020 às 19:22
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O cantor brasileiro esteve em videoconferência sobre o Festival de Veneza, onde foi exibido um documentário sobre a sua prisão durante a ditadura militar.

O cantor brasileiro Caetano Veloso disse hoje que as pessoas estão "prestes a perder as liberdades" democráticas no Brasil, numa videoconferência sobre o Festival de Veneza, onde foi exibido um documentário sobre a sua prisão durante a ditadura militar.

"Por trás da aparência de uma democracia, há no Brasil uma ameaça mais subtil, menos clara. Há uma estrutura autoritária, quase uma doença (...) que corrompe os princípios democráticos, impede a circulação de ideias e a afirmação de direitos", afirmou o cantor.

Caetano Veloso, de 78 anos, não pôde fazer a viagem até à cidade italiana de Veneza devido às restrições ligadas à crise sanitária da pandemia de covid-19, mas o documentário "Narciso em Férias", sobre parte de sua vida, foi apresentado no evento fora do circuito de competição.

No filme, Caetano Veloso faz uma retrospetiva da sua permanência na prisão, por 54 dias, durante o período da ditadura militar (1964-1985).

O filme mostra traz um testemunho íntimo e comovente do cantor sobre os dias em que esteve preso, no ano de 1968, por ordem de agentes da ditadura.

"A situação é diferente da de 1968, mas a forma de gerir a coisa pública no meu país não corresponde ao menos à de uma democracia", frisou Caetano Veloso, referindo-se ao Governo liderado pelo Presidente do Brasil, de Jair Bolsonaro, cujo nome ele se recusa a mencionar.

"Na época havia uma ditadura explícita, hoje estamos prestes a perder as liberdades democráticas", acrescentou o cantor, ícone de toda uma geração que lutou contra o regime militar autoritário, que tem sido exaltado pelo atual Governo brasileiro, liderado por Jair Bolsonaro.

No filme, que não inclui outras entrevistas, Caetano Veloso relê um interrogatório contra si realizado pela polícia, que foi recentemente encontrado, no qual ele é acusado de "terrorismo cultural" por ter mudado a letra do hino nacional.

"Foi muito comovente. Não fazia ideia da sua existência. Este documento reapareceu antes das filmagens do filme graças à investigação de uma comissão para a verdade", especificou.

"Lembre-se, foi uma catarse para mim. Saí de casa pensando em gravar uma entrevista e, em vez disso, me vi 50 anos atrás, com uma história que guardei para mim por tanto tempo, e que me emocionou muito", concluiu.

O 77.º Festival de Cinema de Veneza começou no passado dia 02 e termina no próximo sábado.

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