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A vida no bidonville onde Marcelo vai inaugurar um monumento

Joana Carvalho Fernandes 10 de junho de 2016 às 08:00

Construíam-se barracas durante a noite para arrendar no dia seguinte. Chegaram a viver 15 mil pessoas no bairro de lata. Na televisão francesa chamaram-lhe "o enclave português"

Nos tempos da escola primária, Valdemar Francisco chegou a levantar-se da cama para que outros portugueses recém-chegados ao bairro de lata de Champigny-sur-Marne, no Sudeste de Paris, pudessem descansar. Adelino Gaspar Mota, um carpinteiro então com 18 anos, dormiu lá oito noites. Na casa, de tijolo, arrendada pela família que, em 1960, deixara a freguesia da Palhaça, em Aveiro, não se fechava a porta aos compatriotas, que fugiam à pobreza, à ditadura ou à guerra nas colónias africanas – e que haviam de transformar aquele planalto no maior bidonville habitado por esta comunidade em França.

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O preço incerto

A lógica da televisão, de facto, não é o seu forte. Se fosse, a escritora Isabela Figueiredo saberia que O Preço Certo é uma âncora inestimável para prender as audiências e carreá-las até ao Telejornal. Qualquer director de programas, em qualquer canal português, daria um dedo para ter tais queijos e enchidos.