Sábado – Pense por si

A vida difícil dos universitários em quarentena

Raquel Lito , Sónia Bento 01 de novembro de 2020 às 17:04

Uns encontram percevejos nas camaratas e passam fome. Outros temem infetar os pais, culpam-se por rotinas imprudentes e convívios com amigos. Bolseiros, alunos de Erasmus e professores queixam-se à SÁBADO.

Desce o quinto andar pelas escadas, carregada de sacos, porque o elevador está avariado. Mas não é isso que a deixa exausta. Margarida Simões, 21 anos, passou os últimos dez dias na Pousada da Juventude de Picoas, em Lisboa, em quarentena forçada e compara-a ao "inferno". Encontrou percevejos no quarto, passou fome, teve pesadelos, acordou várias vezes ansiosa e mal conseguiu estudar porque o wi-fi não chegava à pequena camarata, com dois beliches e quatro cacifos estreitos. O ânimo era nulo. A pouca energia que lhe restava era para ajudar os colegas. Os livros ficaram para trás. Sugeriram-lhe que fosse estudar para o corredor, para apanhar a rede. A casa de banho que lhe fora destinada servia quatro alunas residentes naquele piso. Das quatro sanitas, uma não funcionava; tal como um dos chuveiros.

Para continuar a ler
Já tem conta? Faça login

Assinatura Digital SÁBADO GRÁTIS
durante 2 anos, para jovens dos 15 aos 18 anos.

Saber Mais

Sinais do tempo na Justiça

A maioria dos magistrados não dispõe de apoio psicológico adequado, o que resulta em inúmeros casos de burnout. Se esta estratégia persistir, a magistratura especializada comprometerá a qualidade do trabalho, sobretudo na área da violência doméstica.

Hipocrisia

Agora, com os restos de Idan Shtivi, declarado oficialmente morto, o gabinete do ministro Paulo Rangel solidariza-se com o sofrimento do seu pai e da sua mãe, irmãos e tias, e tios. Família. Antes, enquanto nas mãos sangrentas, nem sequer um pio governamental Idan Shtivi mereceu.

Urbanista

Insustentável silêncio

Na Europa, a cobertura mediática tende a diluir a emergência climática em notícias episódicas: uma onda de calor aqui, uma cheia ali, registando factos imediatos, sem aprofundar as causas, ou apresentar soluções.