Retirado corpo de bilionário Mike Lynch do iate afundado. O que se sabe do acidente
Sete pessoas foram dadas como mortas, faltando apenas localizar o corpo da última vítima, a filha de 18 anos daquele que era conhecido como o "Bill Gates do Reino Unido".
O corpo do magnata de tecnologia Mike Lynch foi recuperado esta quinta-feira. É o quinto retirado do iate afundado na madrugada de segunda-feira, dia 19, ao largo da ilha italiana da Sicília. Até ao momento foramrecuperados os corpos de seis vítimas mortais- cinco dentro do iate e uma que estava à deriva logo no primeiro momento do resgate -, faltando apenas localizar a filha do milionário, Hannah, de 18 anos.
Mas o que se sabe do acidente que custou a vida a sete pessoas?
Tempestade violenta
O Bayesian, o super iate de 56 metros com bandeira britânica, afundou perto das 5h da madrugada (menos uma hora em Lisboa), no porto de Porticello, próximo de Palermo. Terá sido atingido por uma "forte tempestade", de acordo com a guarda costeira italiana.
Apesar de prevista, a tempestade acabou por ser mais intensa do que o esperado. Testemunhas referem mesmo uma tromba de água com uma força excecional.
O barco do lado
Junto ao Bayesian estava um outro iate, o Sir Robert Baden Powell de 42 metros. Durante a tempestade manteve-se ancorado e estável, depois do capitão ter ligado o motor e mantido o controlo, evitando mesmo uma colisão com o navio da família Lynch. O capitão, Karsten Borner, afirmou não saber se a tripulação do Bayesian conseguiu ligar os motores. "Só sei que se afundaram com o mastro na água em dois minutos", disse, citado pela Reuters.
"Inexplicável"
Para o designer náutico Andrea Ratti, da Universidade Politécnica de Milão, um barco como o Bayesian só podia ter afundado de forma tão rápida com a entrada de uma grande quantidade de água. Acredita que as janelas e várias entradas do iate devia estar abertas ou se partiram no momento em que este é atingido pela tromba de água.
Matthew Schanck, do Conselho de Busca e Salvamento Marítimo britânico, acredita que o Bayesian foi vítima do que se chama um cisne negro, ou seja, um evento raro de grande impacto.
Maior mastro de alumínio
A embarcação que estava em nome da mulher de Lynch tinha o maior mastro de alumínio do mundo, com 72 metros. Apesar de um mastro deste tamanho ficar muito exposto ao vento, Andrea Ratti e o engenheiro de estruturas Filippo Mattioni defendem que este, por si só, não é um elemento de vulnerabilidade numa tempestade.
O mergulhador dos bombeiros Marco Tilotta afirmou que os destroços estavam intactos e que o mastro ainda estava ligado ao navio. Apesar de sublinhar que os mergulhadores não conseguiram ainda inspecionar a totalidade do mastro, garantiu que a parte que conseguiram ver estava intacta.
Quilha retrátil
O navio tinha uma quilha retrátil - uma estrutura estabilizadora sob o casco que pode ser parcialmente levantada para reduzir a profundidade do navio ao entrar em águas pouco profundas ou em portos.
Os especialistas acreditam que se o iate terá sido ancorado com a quilha levantada, comprometendo a sua estabilidade no caso de uma tempestade violenta.
"Um dos barcos mais seguros"
O Bayesian foi construído em 2008 pela Perini Navi, um fabricante de barcos de luxo italiano. Já teria sido alvo de remodelações, mas não feitas pela marca original, segundo apurou a Reuters. Já o CEO do grupo que detém a Perini, Giovanni Costantino, garantiu à Reuters que o Bayesian era "um dos barcos mais seguros no mundo", sendo praticamente inafundável.
O responsável acredita que o naufrágio terá acontecido devido ao uma cadeia de erros humanos, já que a tempestade estava prevista. Se a tripulação tivesse fechado todas as portas e escoltilhas, ligado o motor, levantado âncora, baixado a quilha e virado o iate para o vento, teria tido "zero danos", acredita Giovanni Costantino, que já o afirmou a vários media italianos. Revelando que os dados mostram que foram precisos 16 minutos para o navio afundasse, a partir do momento em que os ventos começaram a fustigar o navio.
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