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Marcelo: "Devemos a Júlio Pomar a abertura de Portugal ao mundo e a entrada do mundo em Portugal"

22 de maio de 2018 às 20:05

Presidente da República lembrou Júlio Pomar como um "criativo irreverente" e diz que "a cultura portuguesa fica muitíssimo mais pobre" .

O Presidente da República lembrou Júlio Pomar como um "criativo irreverente" e considerou que a sua morte deixa a cultura portuguesa "muitíssimo mais pobre", manifestando a certeza de que o Governo proporá "o luto nacional correspondente".

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Foto: Cofina Media
Foto: Cofina Media
Marcelo
Foto: Pedro Simões 
Foto: LUSA / MÁRIO CRUZ

O artista plástico Júlio Pomar morreu, esta terça-feira, aos 92 anos no Hospital da Luz, em Lisboa.

Questionado pelos jornalistas, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa reagiu a esta notícia declarando que "a cultura portuguesa fica muitíssimo mais pobre".

O chefe de Estado descreveu Júlio Pomar como "um inovador e criativo irreverente, profundamente rebelde", que "esteve sempre à frente do seu tempo" e "marcou boa parte do século XX, marcou a transição para o século XXI" em Portugal, "mantendo-se sempre jovem".

"Nós devemos a Júlio Pomar a abertura de Portugal ao mundo e a entrada do mundo em Portugal, desde logo, durante a ditadura, não apenas como pintor, não apenas como desenhador, mas como grande personalidade da cultura", afirmou.

Interrogado sobre qual a melhor homenagem que o país lhe pode prestar, o Presidente da República respondeu: "Eu tenho a certeza de que o Governo português não deixará de propor o luto nacional correspondente".

"Mas, para além disso, certamente que o Governo português irá meditar numa forma de o homenagear tal como ele gostaria, de uma forma não clássica, não conservadora, não tradicional. Mas progressista e virada para o futuro", acrescentou.

Para ilustrar a irreverência de Júlio Pomar, Marcelo Rebelo de Sousa recordou "o seu retrato do Presidente Mário Soares que figura na galeria dos retratos no Museu da Presidência da República, e que na altura chocou tantos bem pensantes", observando: "Porque ele era assim".

O Presidente da República referiu que o seu trabalho artístico "percorreu todas as fases, mais figurativo, menos figurativo, mais abstracto, menos abstracto" e definiu-o como "um desconstructor" que olhava "para a outra realidade das coisas" e a retratava.

Pintor e escultor, nascido em Lisboa em 1926, Júlio Pomar é considerado um dos criadores de referência da arte moderna e contemporânea portuguesa.

O artista deixa uma obra multifacetada que percorre mais de sete décadas, influenciada pela literatura, a resistência política, o erotismo e viagens a lugares como a Amazónia, no Brasil.

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