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Biógrafa de Agustina sublinha "obra extraordinária que não morre hoje"

03 de junho de 2019 às 12:54

Isabel Rio Novo recordou "toda a sua inteligência, o seu humor, a sua graça, cuja gargalhada cristalina era verdadeiramente contagiante".

A escritora Isabel Rio-Novo,autora da biografia de Agustina Bessa-Luís, considera que a "obra extraordinária" da autora "não morre hoje" e "continuará a ser lida e apreciada seguramente daqui por cem ou duzentos anos".

Agustina Bessa-Luís morreu hoje no Porto aos 96 anos e o funeral realiza-se terça-feira nessa cidade.

Agustina Bessa-Luís: uma biografia que se lê como romance

Em Janeiro, na presença de Graça Fonseca, ministra da Cultura, a editora Contraponto apresentou na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa, o ambicioso projeto de uma coleção de biografias de Agustina Bessa-Luís, José Cardoso Pires, Natália Correia, Herberto Helder e outros.



"Enquanto leitora, enquanto biógrafa e pessoa que ainda teve o privilégio de poder conhecer pessoalmente sinto-me profundamente grata por uma obra extraordinária que não morre hoje", disse Isabel Rio-Novo à agência Lusa.

A escritora, que publicou em janeiro a biografia "O Poço e a Estrada", sobre Agustina Bessa-Luís, recorda "uma obra inqualificável, extremamente prolífica, de uma forma de escrita e de uma forma de compreensão e de indagação da natureza humana absolutamente única no contexto da literatura portuguesa e mundial".

Isabel Rio-Novo disse ter conhecido pessoalmente Agustina Bessa-Luís no contexto de projetos de investigação, e recordou "toda a sua inteligência, o seu humor, a sua graça, cuja gargalhada cristalina era verdadeiramente contagiante".

A escritora Agustina Bessa-Luís morreu hoje, aos 96 anos, disse à Lusa fonte da família.

Nasceu em 15 de outubro de 1922, em Vila Meã, Amarante, e encontrava-se afastada da vida pública, por razões de saúde, há cerca de duas décadas.

O nome de Agustina Bessa-Luís saltou para a ribalta literária em 1954, com a publicação do romance "A Sibila", que lhe valeu os prémios Delfim Guimarães e Eça de Queiroz, que constam de uma lista de galardões que inclui o Grande Prémio de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, em 1983, pela obra "Os Meninos de Ouro", e que voltou a receber em 2001, com "O Princípio da Incerteza I - Joia de Família".

A escritora foi distinguida pela totalidade da sua obra com o Prémio Adelaide Ristori, do Centro Cultural Italiano de Roma, em 1975, o Prémio Eduardo Lourenço, em 2015.

Sobre Agustina, o ensaísta Eduardo Lourenço afirmou que é "incomparável" e é a "grande senhora das letras portuguesas", em declarações à Lusa, no final da cerimónia da entrega do Prémio Eduardo Lourenço à autora, há pouco mais de três anos.

Agustina recebeu ainda os Prémios Camões e Vergílio Ferreira, ambos em 2004, e o Prémio de Literatura do Festival Grinzane Cinema, em 2005.

Foi condecorada como Grande Oficial da Ordem de Sant'Iago da Espada, de Portugal, em 1981, elevada a Grã-Cruz em 2006, e o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras, de França, em 1989, tendo recebido a Medalha de Honra da Cidade do Porto em 1988.

Questionada sobre o que escrevia, a autora disse, num encontro na Póvoa de Varzim: "É uma confissão espontânea que coloco no papel".

Sobre a morte da escritora será emitido hoje um comunicado, pelas 15:00, através do Círculo Literário Agustina Bessa-Luís, segundo a família.

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