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Quem é Carlos Saturnino, o homem que fica a cargo da Sonangol?

Foi exonerado, em Dezembro de 2016, por Isabel dos Santos. Hoje foi reintegrado na Sonangol, mas desta vez como presidente da empresa estatal.

Praticamente um ano depois ter sido compulsivamente exonerado do cargo de presidente da comissão executiva da Sonangol Pesquisa & Produção por Isabel dos Santos, Carlos Saturnino chega agora à liderança da petrolífera estatal, precisamente para substituir a empresária.

A nomeação do economista Carlos Saturnino para presidente do conselho de administração da Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola (Sonangol) foi feita hoje pelo chefe de Estado angolano, João Lourenço, anunciou a Casa Civil do Presidente da República, acrescentando que em simultâneo foi exonerada das funções Isabel dos Santos, no cargo desde Junho de 2016.

Carlos Saturnino liderava a principal empresa do grupo petrolífero estatal, a Sonangol Pesquisa & Produção, quando, a 20 de Dezembro de 2016, foi exonerado por Isabel dos Santos, que assumiu o seu cargo, alegando "desvios financeiros" detectados.

"A Sonangol P&P é a empresa do grupo Sonangol que durante a avaliação efectuada apresentou as maiores debilidades de gestão e consequentemente de desvios financeiros", anunciava então o grupo liderado por Isabel dos Santos, em comunicado, apontando que a decisão estava "alinhada com a postura do novo conselho de administração da petrolífera, de ser consequente com os princípios de rigor e transparência que baseiam a sua gestão.

A Sonangol Pesquisa & Produção é uma subsidiária daquele grupo, tendo como objectivo o exercício de actividades de prospecção, pesquisa e produção de hidrocarbonetos líquidos e gasosos.

"Não é correto, nem ético, atribuir culpas à equipa que somente esteve a dirigir a empresa no período entre a segunda quinzena de Abril de 2015 e 20 de Dezembro de 2016", respondeu na altura Carlos Saturnino, que entretanto foi chamado por João Lourenço para, no final de Setembro, assumir o cargo de secretário de Estado dos Petróleos, tutelando assim, a partir do Governo, a Sonangol.

Deixa aquela pasta para liderar a Sonangol, tendo João Lourenço nomeado para a Secretaria de Estado dos Petróleos Paulino Jerónimo, outro dos exonerados, em Setembro último, por Isabel dos Santos e pelo pai, enquanto chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, quando era presidente da comissão executiva do grupo Sonangol.

A operar desde 1994, garante por si própria uma produção operada de 46.000 barris por dia, além de Angola também com parcerias em vários blocos em Angola, Brasil, Cuba e Iraque, segundo informação da Sonangol.

A 18 de Outubro, em Londres, Isabel dos Santos disse ter entrado para a Sonangol com um "sentido de missão" e com o desejo de "dar um contributo" para o país.

"Quando nos chamaram para este desafio, deram-nos uma empresa que significa tanto para a nossa economia e população, mas estava numa situação muito difícil devido aos preços baixos e à queda dos rendimentos", contou.

Nos últimos anos, descreveu, foi feito um "diagnóstico completo", com auditoria e avaliação aos recursos humanos e sistemas informáticos e outros sectores, que passou por maior rigor nas despesas, maior critério nas decisões e maior transparência.

"Optimizámos a organização o mais possível. Mas tudo isto é uma tarefa enorme. Isto é um trabalho para vários anos. Eu diria três, quatro, cinco anos ou mais", declarou Isabel dos Santos na mesma ocasião em Londres.