O BPN é o activo tóxico da nossa democracia. E o ácido corrosivo deste regime.
O caso BPN já deixou de ser um julgamento. É uma farsa teatral onde há um argumento mas faltam actores. Há um orçamento, dois mil milhões de euros por enquanto, mas não há facturas que sustentem o dinheiro que se gastou em gulosices. Há uma audiência mas a sala é inadequada. Vai ser história ou quer ser ficção? O BPN existiu? Ou é o Darth Vader do nosso País de brancos costumes? Regressámos ao País do pim-pam-pum! de Almada Negreiros. As suas palavras são proféticas: "Portugal há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!" Julgar a sério o caso BPN deveria ser uma questão de asseio nacional. Não deveria usar-se um kleenex ou uma aspirina, como está a tentar fazer-se. Quando se percebe que o supervisor fez, convenientemente, o papel de cego, surdo e mudo em todo o processo, entende-se que a distracção compensa. O que é nítido é que a história do BPN não é um conto de fadas. É o Fado deste regime. Não foi um número de trapezismo financeiro. Foi um número de Pierrots encartados. É por isso que cansa esta novela sem fim, tão típica da justiça nacional. Nada tem fim. Tudo são parêntesis. Tudo são incidentes processuais, onde até o Minotauro se perderia. A monarquia teve o caso do Crédito Predial. A República tem o BPN. Nada de substancial muda por aqui. Como tudo neste país, o caso BPN não se resolve. Adia-se. Ou cairá no esquecimento, ou cairá de podre.
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A condenação do CSMP assenta na ultrapassagem das limitações estatutárias quanto à duração dos mandatos e na ausência de fundamentos objetivos e transparentes nos critérios de avaliação, ferindo princípios essenciais de legalidade e boa administração.
A frustração gera ressentimento que, por sua vez, gera um individualismo que acharíamos extinto após a grande prova de interdependência que foi a pandemia da Covid-19.