Um grupo de cientistas portugueses criou um guia para a promoção da igualdade nas empresas para as mulheres deixarem de ganhar menos 18% do que os homens
Todo o trabalho de investigação vai ser apresentado hoje, mas, em declarações à agência Lusa, a coordenadora do projecto explicou que a conferência de encerramento do IGEmpresas vai servir para disseminar um guia de apoio à promoção da igualdade nas empresas.
De acordo com a coordenadora da investigação, Sara Falcão Casaca, trata-se de um guia que inclui três guiões: um de apoio à elaboração do diagnóstico da empresa, outro de apoio à elaboração do plano para a igualdade e um referencial de formação.
A responsável explicou que os motivos para o arranque do projecto, que demorou 15 meses a finalizar, estão directamente relacionados com a realidade laboral nacional, em que as mulheres têm remunerações base 18% inferiores à dos homens.
Apontou que, quanto mais escolarizadas são, menos as mulheres ganham comparativamente com os homens e quando têm uma licenciatura ou um mestrado, a diferença chega aos 30%.
Outro factor que motivou o projecto tem a ver com a baixa presença de mulheres em cargos de decisão, nomeadamente chefia e direcção, com as mulheres a representarem apenas 13% dos membros dos conselhos de administração das maiores empresas cotadas em bolsa.
"Havia claramente a evidência de que é preciso trabalhar com as empresas em Portugal e, da nossa perspectiva, era muito importante trabalhar com as empresas numa perspectiva de autor-regulação", defendeu.
A coordenadora adiantou que não é possível que as empresas façam autor-regulação e, posteriormente, desenharem planos de acção, sem conhecerem exaustivamente a sua situação, razão pela qual, vai ser apresentado um guia de referência para servir de apoio à elaboração de diagnósticos.
"Mas numa perspectiva de auditoria de género e é esta perspectiva que é claramente inovadora", referiu, revelando que este plano de auditoria propõe 101 questões relativas aos vários domínios da vida das organizações empresariais.
Sara Casaca explicou que a ideia é que a auditoria seja conduzida por uma equipa externa, ligada à investigação, que seria apoiada por uma equipa interna, afecta à empresa, e que seria designada pela administração.
O guião percorre oito dimensões, desde a missão estratégica da empresa, passando pela gestão dos Recursos Humanos, a organização do trabalho, o respeito pela dignidade dos trabalhadores ou o diálogo social.
"Ao nível dos Recursos Humanos, uma das questões que sugerimos que seja inquirida é no recrutamento e selecção, nos critérios e procedimentos, se têm ou não presente o princípio da igualdade e não discriminação em função do sexo", exemplificou.
Segundo Sara Casaca, o diagnóstico é a parte mais exigente, mas também a mais importante, sublinhando que não há plano de acção que possa ser eficaz se não houver um diagnóstico e que é este passo que vai legitimar a mudança.
Depois, para cada uma das oito áreas referidas, e com base no diagnóstico feito, cada empresa define as medidas que entende mais pertinentes.
Ainda assim, a investigação inclui também um plano de acção que pode servir de base às empresas e que sugere 50 medidas.
Para a concretização do projecto, a investigação teve a ajuda de sete empresas nacionais, entre sector empresarial do Estado, cotadas em Bolsa ou privadas, que se disponibilizaram a testar o guia de apoio à promoção da igualdade.
"O grande desafio agora é chegar a todas as outras [empresas] porque os indicadores no mercado de trabalho mostram que há muito por fazer no nosso tecido empresarial e é às outras empresas, aquelas que nunca pensaram nestas questões, que nós temos de conseguir chegar", admitiu Sara Casaca.
O projecto de investigação foi financiado pelo EEAGrants, mecanismo de financiamento do espaço económico europeu, através de uma candidatura lançada pela Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG).
Teve a colaboração do Centro de Estudos para a Intervenção Social (Cesis), do Centro Interdisciplinar de Estudos do Género (CIEG), além do Centro de Investigação em Género, da Universidade de Oslo, na Noruega.
Investigadores promovem igualdade de género nas empresas
Para poder adicionar esta notícia aos seus favoritos deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Para poder votar newste inquérito deverá efectuar login.
Caso não esteja registado no site da Sábado, efectue o seu registo gratuito.
Brigitte e Emmanuel nada têm a ganhar com este processo que empestará ainda mais a atmosfera tóxica que rodeia o presidente, condenado às agruras políticas de um deplorável fim de mandato
Esta ignorância velha e arrastada é o estado a que chegámos, mas agora encontrou um escape. É preciso que a concorrência comece a saber mais qualquer coisa, ou acabamos todos cidadãos perdidos num qualquer festival de hambúrgueres