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Grécia: Polícia despeja neonazis de edifício que será mesquita

O prédio estava em ruínas e era ocupado por 11 pessoas de extrema-direita, que selaram portas e janelas e controlavam que se aproximava do local

A polícia grega desocupou hoje um edifício, situado no terreno para o qual foi projectada a construção da primeira mesquita de Atenas, onde se encontrava há vários dias um grupo de extrema-direita.

Segundo os media locais, a polícia irrompeu pouco depois das 6 horas (4 horas em Lisboa) pelo terreno onde se situa o prédio em ruínas, num bairro da periferia da capital, e deteve as 11 pessoas que o ocuparam, sem que nenhuma tenha oferecido resistência.

Um grupo de 15 pessoas, vestidas com roupas de camuflagem, entrou na terça-feira no terreno, propriedade do Estado, com o pretexto de criar um "hot spot apenas para gregos", numa referência ao nome dado aos centros de identificação de migrantes.

Os "ocupas" de extrema-direita selaram as portas e janelas e controlavam quem se aproximava do lugar.

Devido aos protestos políticos que o incidente desencadeou, a polícia helénica decidiu montar uma vigilância permanente do local, segundo osmedia

O secretário nacional de Direitos Humanos do Governo, Kostis Papaioannu, identificou os "ocupas" como membros de uma associação que apresentou que recurso junto dos tribunais - que não foi aceite - contra a construção da mesquita.

Num impasse há décadas sobretudo por causa da oposição da Igreja Ortodoxa, a construção da mesquita "é uma decisão do Estado e uma obrigação internacional do país", assinalou.

O parlamento grego aprovou, em Agosto, uma nova emenda para resolver "os problemas técnicos e burocráticos" que impedem a construção da mesquita em Atenas, onde vivem cerca de 200 mil muçulmanos, de acordo com dados oficiais, um número que terá aumentado após o fluxo migratório de 2015.

Esta será a primeira mesquita oficial construída em Atenas desde a independência do país no século XIX (1821-1932) e o fim progressivo do domínio otomano que é hoje uma das raras capitais europeias sem este local de culto.

Urbanista

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