O Governo angolano classificou como "inamistosa e despropositada" a forma como as autoridades portuguesas divulgaram a acusação do Ministério Público de Portugal ao vice-Presidente de Angola
"Inamistosa e despropositada". É desta forma que o Governo angolano classifica a forma como as autoridades portuguesas divulgaram a acusação do Ministério Público de Portugal ao vice-Presidente de Angola, Manuel Vicente. E deixa o alerta: estas acusações podem "perturbar ou mesmo destruir as relações amistosas existentes entre os dois Estados".
A posição surge numa nota do Ministério das Relações Exteriores de Angola distribuída, protestando veementemente contra as referidas acusações, "cujo aproveitamento tem sido feito por forças interessadas em perturbar ou mesmo destruir as relações amistosas existentes entre os dois Estados".
O Governo português está desde 2016 a preparar a visita oficial do primeiro-ministro António Costa a Angola, prevista para a próxima primavera.
No documento do Ministério, refere-se que as autoridades angolanas tomaram conhecimento "com bastante preocupação, através dos órgãos de comunicação social portugueses", da acusação do Ministério Público português "por supostos factos criminais imputados ao senhor engenheiro Manuel Vicente".
Para o Governo angolano, a forma como foi veiculada a notícia constitui um "sério ataque à República de Angola, suscetível de perturbar as relações existentes entre os dois Estados".
"Não deixa de ser evidente que, sempre que estas relações estabilizam e alcançam novos patamares, se criem pseudo factos prejudiciais aos verdadeiros interesses dos dois países, atingindo a soberania de Angola ou altas entidades do país por calúnia ou difamação", sublinha a nota.
As autoridades angolanas consideram que, juntamente com Portugal, as suas relações deviam concentrar-se "nas relações mutuamente vantajosas, criando sinergias e premissas para o aprofundamento da cooperação económica, cultural, política, diplomática e social, como meio de satisfação dos interesses fundamentais dos seus povos".
Já esta semana, a visita da ministra da Justiça portuguesa, Francisca Van Dunem, a Angola, que deveria ter começado na quarta-feira, foi adiada "sine die", no dia anterior, anunciou em comunicado o Ministério da Justiça português.
No comunicado, referia-se apenas que "a visita da Ministra da Justiça foi adiada, a pedido das autoridades angolanas, aguardando-se o seu reagendamento".
A visita de Francisca Van Dunem a Angola deveria durar três dias (22 a 24 de Fevereiro) e previa hoje uma intervenção da governante portuguesa num fórum sobre serviços de Justiça, que está a decorrer em Luanda.
A confirmação desta visita foi feita a 10 de Fevereiro, também em Luanda, pelo chefe da Diplomacia portuguesa, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, que esteve em Angola a preparar a deslocação oficial do primeiro-ministro português.
Governo angolano diz que acusação a Manuel Vicente ameaça relações
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O Estado português falha. Os sucessivos governos do país, falham (ainda) mais, numa constante abstração e desnorte, alicerçados em estratégias de efeito superficial, improvisando sem planear.
A chave ainda funcionava perfeitamente. Entraram na cozinha onde tinham tomado milhares de pequenos-almoços, onde tinham discutido problemas dos filhos, onde tinham planeado férias que já pareciam de outras vidas.