Sábado – Pense por si

"Efeito vítima" pode beneficiar Rajoy

17 de dezembro de 2015 às 13:31
As mais lidas

É o que defende Fran Carrillo, um especialista em comunicação política. As eleições são já no dia 20 de Dezembro

O especialista em comunicação política espanhol Fran Carrillo afirmou hoje à agência Lusa que o presidente do Governo de Espanha, Mariano Rajoy, vai beneficiar nas urnas da agressão que sofreu numa arruada na quinta-feira.

"Absolutamente. O povo espanhol tende a alinhar no lado da vítima", disse o director da Fabrica de Discursos, agência especializada em comunicação política e que tem colaborado com os partidos em várias campanhas eleitorais em Espanha.

Para Carrillo, "é difícil perceber até que ponto Rajoy pode beneficiar com isto", mas assegura que o incidente de quinta-feira "vai dar-lhe votos" nas eleições gerais de domingo.

Na segunda-feira, no frente-a-frente televisivo com o líder socialista, Pedro Sánchez, Mariano Rajoy foi confrontado com linguagem mais violenta, com o secretário-geral do PSOE a questionar a sua honestidade e a do seu partido. Rajoy respondeu que as acusações eram "ruins, mesquinhas, miseráveis e desprezíveis", fazendo subir ainda mais o tom do debate.

À narrativa de violência contra Rajoy ensaiada pelo PP juntam-se agora as imagens transmitidas pelas televisões eonline de um jovem de 17 anos a esmurrar o presidente do Governo.

"Além da clara falha de segurança do presidente do Governo, as imagens podem ser usadas pelo PP para mostrar o que espera a Espanha caso opte por vias mais radicais", como as propostas pelos partidos emergentes, considerou Fran Carrillo.

Em 1986 o então candidato a Presidente da República Mário Soares foi esbofeteado numa acção de campanha na Marinha Grande. O agressor foi conotado com o PCP e Soares ganhou as eleições um mês depois, derrotando o candidato da direita, Freitas do Amaral.

Rajoy apelou hoje a que ninguém em Espanha extraia conclusões políticas da agressão que sofreu.

"Tenho a maçã do rosto um pouco inchada. O médico deu-me uma pomada e um analgésico", disse hoje Mariano Rajoy no decorrer de uma das entrevistas televisivas que deu hoje de manhã.

"Estamos num país civilizado e não andamos à bofetada. Foi uma excepção" que nada teve a ver com a campanha das eleições gerais de domingo, nem com o duro debate que teve na segunda-feira com o candidato do PSOE, Pedro Sánchez.

O jovem agressor, de 17 anos e conotado com claques radicais de futebol, foi detido em Pontevedra após esmurrar Rajoy, que ficou com marcas na cara e com os óculos partidos.

A carregar o vídeo ...

A classe política espanhola - em especial os candidatos às eleições gerais de domingo - foram unânimes em condenar o incidente.

Fran Carrillo sublinhou que "Rajoy foi esperto" nas suas declarações, pois "está a falar das conclusões políticas", dizendo precisamente que as rejeita.

"Ele nem precisa de dizer nada. Afinal de contas as imagens da agressão estão em todo o lado", salientou o especialista.

As 10 lições de Zaluzhny (I)

O poder não se mede em tanques ou mísseis: mede-se em espírito. A reflexão, com a assinatura do general Zaluzhny, tem uma conclusão tremenda: se a paz falhar, apenas aqueles que aprendem rápido sobreviverão. Nós, europeus aliados da Ucrânia, temos de nos apressar: só com um novo plano de mobilidade militar conseguiríamos responder em tempo eficaz a um cenário de uma confrontação direta com a Rússia.