Helder Mota Filipe refere que a quota diminuiu este ano.
O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos (OF) manifestou-se esta segunda-feira preocupado com o aumento da despesa em medicamentos e defendeu o aumento da quota de genéricos, a partilha de risco e os acordos de pagamento por resultados.
Helder Mota Filipe, bastonário da Ordem dos FarmacêuticosSérgio Lemos
"Este ano diminuiu a quota de medicamentos genéricos, isto não é um bom sinal, embora possa ter algumas justificações", disse à Lusa Helder Mota Filipe, que defende uma abordagem diferente, quer pelos prescritores [médicos], quer por quem dispensa [farmacêuticos], para se tornarem mais eficazes as medidas que incentivam o uso de genéricos.
Por exemplo - disse - "quem prescreve dentro de uma classe terapêutica que tem substâncias ativas com genéricos e substâncias ativas sem genéricos, se forem semelhantes em eficácia e segurança, deve ter de prescrever o genérico".
Para os farmacêuticos, defende igualmente que devem ser criadas condições para que seja natural dispensar o genérico e não o medicamento que tem mais margem ou que sai mais caro.
"É preciso revisitar esses mecanismos para maximizar a utilização de genéricos, porque o que está descrito em todo lado é que, os genéricos, a vantagem que têm relativamente à sua não existência, é baixar o preço", acrescentou.
Segundo dados do Infarmed, a despesa com medicamentos nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) subiu entre janeiro e setembro 14,9% (+257 milhões de euros), chegando aos 1.979 milhões de euros. No ambulatório, cresceu 13,1% (+162 milhões de euros), atingindo 1.402,4 milhões.
Helder Mota Filipe defendeu igualmente uma "maior racionalidade" na contratualização com o SNS dos medicamentos que levam a maior despesa - como os oncológicos -, com mais mecanismos de pagamento por resultados e partilha de risco.
Quanto aos medicamentos biossimilares (versões semelhantes a medicamentos biológicos de referência que já foram aprovados), o bastonário da OF lembrou que as quotas já são "relativamente altas" e sublinhou a importância de "cada medicamento passar a ter um biossimilar e que seja rapidamente incorporada a utilização desse biossimilar".
O bastonário considerou que, a nível hospitalar, "é muito difícil diminuir a despesa neste momento", pois esta é maioritariamente em medicamentos de oncologia e doenças raras, que não têm alternativas disponíveis.
"Mais uma vez, é melhorar a eficácia da negociação sempre possível e contratualizar por resultados, ou por partilha de risco, em vez de um mecanismo clássico de pagar a despesa com um teto que é difícil de controlar e difícil de revisitar", afirmou, acrescentando que, para isso, é preciso igualmente melhorar a capacidade a nível hospitalar de "gerar registos com qualidade", que meçam consumos e resultados "com robustez" para poder renegociar valores com a indústria.
Tudo isto, acrescentou, "sem diminuir o acesso e sem aumentar a despesa do utente, que apesar de tudo aumentou 5,5%".
Referindo-se ao corte de 10% que o Governo pretende fazer na rubrica que inclui a compra de medicamentos e dispositivos médicos, Helder Mota Filipe disse ser "muito dificil pensar em qualquer corte que resulte em diminuição da despesa".
Por isso, defendeu que é preciso "urgentemente" revisitar todos os mecanismos de utilização, prescrição e dispensa de medicamentos, de forma a manter a qualidade da prestação sem diminuir o acesso, mas tentando que "seja o mais custo-efetivo possível".
"Achar que, com este crescimento que estamos a ter, que conseguimos cortar na despesa, torna-se muito exigente, complicado e, se calhar, às vezes até arriscado do ponto de vista do acesso", afirmou, sublinhando que toda a inovação é cara.
"Acomodar esta inovação cortando despesa provavelmente não é fácil", acrescentou.
Os dados do Infarmed indicam que até setembro foram dispensadas, em ambulatório, 152 milhões de embalagens de medicamentos nas farmácias comunitárias, uma subida de 6% face ao mesmo período de 2024. Nos hospitais, o acréscimo foi de 9%.
Segundo o regulador, o aumento da utilização é resultado do acesso aos cuidados de saúde, do alargamento do número de utentes do SNS, da aplicação de medidas de comparticipação, bem como do acesso a medicamentos inovadores.
Os valores de crescimento na despesa não têm em conta a totalidade das contribuições resultantes de devoluções ao SNS pela indústria farmacêutica, no âmbito dos contratos de financiamento, que só estarão apurados após dezembro.
Bastonário dos farmacêuticos quer mais uso de genéricos, partilha de risco e pagamento por resultados
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