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Um ano depois da Constituinte na Venezuela, a crise acentuou-se

29 de julho de 2018 às 12:34

Um ano depois da criação da Assembleia Constituinte fundada para resolver os problemas do país, a crise económica é cada vez mais grave.

Um ano depois da criação da Assembleia Constituinte (AC) da Venezuela, fundada para resolver, segundo o governo, os problemas do país, a crise económica é cada vez mais grave e o desespero é evidente entre muitos venezuelanos.

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Foto: Reuters
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"Estamos pior que nunca, fazendo milagres para poder sobreviver e para conseguir alguns alimentos e medicamentos. O dinheiro não dá para nada. Fui gastando todas as poupanças com a esperança de mudanças. Agora quero sair do país, mas já não tenho recursos", explicou uma professora à Agência Lusa.

Jennifer Saavedra, 27 anos, dá aulas de "direcção de arte" em várias escolas e institutos venezuelanos. Com explicações particulares de literatura, de geografia e de inglês, junta mais de dois salários mínimos mensais.

"Por mês posso receber entre 11 e 13 milhões de bolívares fortes (entre 96,1 euros e 113,6 euros à taxa de câmbio oficial Dicom) e um 'pote' de leite, meio quilograma de feijão, um litro de óleo custam quase 5 milhões (43,69 euros) cada um. Ninguém pode sobreviver assim. E isto sem falar da carne, porque um quilograma custa mais de um salário mínimo", explicou.

Jennifer Saavedra diz não estar surpreendida pelo "fracasso" da AC e acredita que virão tempos piores para o país já nos próximos meses.

Por outro lado, o engenheiro informático José Bustamente, 40 anos, está preocupado pelo anúncio do Presidente Nicolás Maduro de que eliminará, a partir de 20 de Agosto, cinco zeros ao bolívar, porque, no seu entender, "é uma maneira de mascarar a hiperinflação".

"O 'chavismo' está há 19 anos no poder e até agora tirou seis zeros à moeda, ao tirar mais cinco, fazem onze e isso mostra como a situação se tem agravado. Estou pensando ir para o Peru, talvez o Chile, mas tenho ouvido dizem que maltratam os venezuelanos. De momento estou faço uns trabalhinhos por conta própria que me ajudam, mas estou sempre apertado de dinheiro", disse.

Reformado e recebendo ajuda mensal de um filho de vive no Chile, Alberto González, porteiro de 68 anos, não vê com bons olhos a AC, que acusa de se ter "centrado mais no político e menos em solucionar a crise económica e os problemas do país".

"O país está pior em todos os aspectos. Mais de metade da minha família emigrou e se não fosse a ajuda do meu filho, para mim estariam piores. Acreditei em Chávez (Hugo, presidiu o país entre 1999 e 2013) mas o que vivemos no país não tem nada de esquerda, pelo contrário prejudica a esquerda. Não tem nada de poder popular, pelo contrário, há mais controlo sobre o povo", disse.

Com uma opinião diferente, Maria José Quintero, 50 anos e de profissão doméstica, insiste que a AC está trabalhando para "controlar" o país que, no plano económico e político, é vítima de uma "guerra" promovida pela oposição venezuelana e pelo estrangeiro.

"Em qualquer momento, o Governo conseguirá pôr as rédeas à economia e quando isso aconteceu vão terminar os monopólios, as agressões contra o nosso país e sairemos ao de cima", disse.

No seu entender a crise agravou-se devido às sanções dos EUA e da UE contra a Venezuela.

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