Secções
Entrar

Trabalhadores da Docapesca em greve contra chumbo do Governo a aumentos salariais

08 de setembro de 2021 às 07:12

"Os contactos que fizemos permitem-nos dizer que, em todo o país, não vai haver uma lota a funcionar", disse o sindicato.

Os trabalhadores da Docapesca estão esta quarta-feira em greve a nível nacional em defesa de aumentos salariais e da revisão do Acordo de Empresa, que foram travados pelo Ministério das Finanças.

A paralisação de 24 horas foi convocada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagens, Transitários e Pesca (SIMAMEVIP) que prevê uma adesão quase total ao protesto, o que, a concretizar-se, inviabilizará o funcionamento das lotas.

"Os contactos que fizemos permitem-nos dizer que, em todo o país, não vai haver uma lota a funcionar", disse o coordenador do SIMAMEVIP, Paulo Lopes, à agência Lusa.

Segundo o sindicalista, as lotas vão parar porque não serão feitos os leilões do pescado, dado que os serviços mínimos decretados pelo tribunal arbitral não o determinam.

Paulo Lopes assegurou, no entanto, que o peixe fresco não corre qualquer risco porque serão assegurados os serviços mínimos de recolha do peixe da pesca artesanal, feita com barcos pequenos, para ser colocado em frigoríficos e vendido na quinta-feira.

A pesca de arrasto não deverá ser afetada pela greve pois é uma pesca de longo curso, feita com grandes barcos que têm os seus próprios frigoríficos.

Se as lotas não funcionarem, o pescado da pesca de cerco, como a da sardinha, não poderá ser vendido, mas a data da greve foi escolhida para coincidir com uma quarta-feira, que é o dia da semana recomendado pelo Instituto do Mar para descanso desta espécie.

"Não é nossa intenção prejudicar o abastecimento de peixe fresco, o que os trabalhadores pretendem é mostrar o seu descontentamento ao Governo, concretamente ao Ministério das Finanças, que impede a melhoria dos salários", disse Paulo Lopes.

O sindicalista lembrou que o conflito laboral só tem a ver com o facto de o Ministério das Finanças não ter permitido a melhoria das remunerações dos trabalhadores da Docapesca, previamente acordada com a empresa.

A Docapesca integra o Setor Empresarial do Estado, por isso a alteração das remunerações tem se ser aprovada pela tutela e pelas Finanças.

"O problema não foi com a empresa, com a qual chegámos a um entendimento em junho, depois de vários meses de negociação, nem com a secretaria de Estado das Pescas e o Ministério do Mar, mas sim com o Ministério das Finanças", disse o sindicalista.

Segundo Paulo Lopes, o acordo "chumbado pelo Ministério das Finanças" previa aumentos entre os 4% e os 5% para a maioria dos trabalhadores e de mais de 10% para os salários mais baixos, que correspondem ao salário mínimo nacional (SMN).

Estavam ainda previstas melhorias nas carreiras e a fixação do salário mais baixo da empresa nos 750 euros, para se diferenciar do SMN.

"Esta é uma empresa altamente rentável, por isso não há qualquer motivo para os salários não serem revistos", afirmou Paulo Lopes.

A paralisação começou às 0:00 desta quarta-feira e termina às 24:00.

O sindicato promove esta manhã uma ação pública de protesto na lota de Setúbal, onde a secretária-geral da CGTP estará para se solidarizar com os trabalhadores da Docapesca.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela