Secções
Entrar

Rui Rio reitera posicionamento ao centro para responder a críticas de PS e Chega

04 de janeiro de 2022 às 14:15

Rui Rio rejeitou no debate qualquer coligação de Governo com o Chega, que considerou "um partido instável", com André Ventura a dizer estar disponível para "conversar" para afastar António Costa do poder, embora insistindo numa presença num eventual executivo social-democrata.

O presidente do PSD, Rui Rio, respondeu esta terça-feira com ironia às críticas de PS e do Chega, que o acusaram à vez de estar demasiado próximo do outro partido, dizendo que "é a vantagem de estar ao centro".

"O PS diz que eu estou nos braços do Chega e o Chega diz que eu estou nos braços do PS. É a vantagem de estar ao centro. Somos muito abraçados", ironizou Rio, numa publicação na sua conta da rede social Twitter, um dia depois do debate com o líder do Chega, André Ventura, transmitido pela SIC.

Nessa ocasião, foi Ventura que, por várias vezes, o acusou de querer ser "vice-primeiro-ministro" do secretário-geral do PS, António Costa, e de preferir "meter-se nos braços" do socialista do que procurar entendimentos com o Chega.

Pouco depois do final do debate, o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, acusava Rui Rio de ceder ao populismo ao "negociar em direto e ao vivo" com o líder do partido Chega, André, admitindo até "ceder na proibição da prisão perpétua".

Hoje, foi a vez de o próprio António Costa acusar o presidente do PSD de se dispor a considerar o restabelecimento da prisão perpétua por conveniência eleitoral, contrapondo que há linhas vermelhas inultrapassáveis e que os valores do humanismo não são transacionáveis.

Na sua mensagem, que consta de um vídeo divulgado pelo PS, António Costa considerou que o país assistiu "com surpresa, em direto e ao vivo, ao doutor Rui Rio, por conveniência ou necessidade eleitoral, a dispor-se a considerar com André Ventura diferentes modalidades para restabelecer a prisão perpétua".

"Quero ser muito claro, em circunstância alguma podemos ceder nos princípios ou nos valores. O combate ao populismo exige linhas vermelhas inultrapassáveis. Os valores do humanismo que inspiram a nossa sociedade não são transacionáveis. Um político responsável tem sempre os seus princípios e os nossos valores no centro", criticou António Costa.

No debate, Rio foi desafiado por Ventura a dizer em que áreas considerava o Chega um partido tão radical e um dos temas abordados foi o da prisão perpétua, que este partido defende para certo tipo de crimes.

Na resposta, o presidente do PSD fez questão de separar os vários regimes de prisão perpétua que existem no ordenamento jurídico europeu - citando o exemplo da Alemanha em que este tipo de pena existe, mas é revisto ao fim de 15 anos sob forma de liberdade condicional - e afastando-se daqueles em que alguém pode ser preso por toda a vida.

"Se nós estamos a falar na prisão perpétua ponto final parágrafo, vai para a cadeia e nunca mais sai de lá até ao fim da vida, isso nós somos completamente contra, é um atraso civilizacional", disse.

Já quanto aos cenários de governabilidade após as legislativas de 30 de janeiro, Rui Rio rejeitou no debate qualquer coligação de Governo com o Chega, que considerou "um partido instável", com André Ventura a dizer estar disponível para "conversar" para afastar António Costa do poder, embora insistindo numa presença num eventual executivo social-democrata.

Questionado se prefere entregar o poder ao PS a fazer um entendimento com o Chega, Rio contrapôs com um desafio a André Ventura.

"Se o PSD apresentar um programa de Governo na Assembleia da República - não é votado, mas podem meter uma moção de censura - aí naturalmente o dr. André Ventura tem de decidir se quer chumbar o Governo do PSD e abrir portas à esquerda", afirmou.

Confrontado com esta questão, o líder do Chega reiterou as suas condições para essa viabilização: "O Chega só aceita um Governo de direita em que possa fazer transformações e isso implica presença no Governo", disse.

Ainda assim, André Ventura reiterou que "tudo fará" para afastar António Costa do poder e manifestou-se disponível para o diálogo com Rui Rio no pós-eleições.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela