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Marcelo espera não ter que dissolver o Parlamento

16 de março de 2016 às 16:15

Ao jornal espanhol ABC, o Presidente da República falou do seu papel de árbitro na política portuguesa e estabeleceu os objectivos que vão guiar os cinco anos do seu mandato: garantir a estabilidade política

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recordou, esta quarta-feira, que o chefe de estado "não é apenas um árbitro para garantir" a normalidade do funcionamento das instituições, mesmo que acabe por agir como mediador entre os partidos e face ao Governo. "Mas o Presidente não é apenas um árbitro para garantir a normalidade, também tem outros poderes. (…) Em tempos de forte crise política pode decidir a dissolução do parlamento. Espero não ter de fazer uso desse poder, naturalmente", disse o Presidente numa entrevista publicada no jornal espanhol ABC. "Estou aqui para pacificar e desdramatizar a sociedade portuguesa, para uni-la. Quero que o povo se aproxime dos seus políticos, que seja capaz de vencer a sua desconfiança face a eles. Porque há desconfiança e suspeita", reforçou.

Marcelo Rebelo de Sousa tem, quinta-feira, as suas primeiras viagens como chefe de Estado português. De manhã, será recebido pelo Papa Francisco no Vaticano e, à noite, jantará com o Rei de Espanha, Felipe VI. "Quero muito agradecer ao Don Felipe a sua presença na minha tomada de posse", explicou.

Instado a comentar as suas prioridades no cargo, Marcelo afirmou que, "do ponto de vista interno", pretende "criar condições para garantir a estabilidade política, para que não haja mais nenhuma crise e que não se agrave a situação social". "Em segundo lugar, estabelecer um consenso entre os partidos e os agentes sociais, porque a crise pela qual passámos produziu uma menor coesão social, um aumento do desemprego e mais imigração", criando "maior tensão social", explicou o presidente.

Quanto à coabitação com o Governo de esquerda de António Costa, Marcelo Rebelo de Sousa afasta problemas de relacionamento com os socialistas. "Não creio que existam problemas de relacionamento com os socialistas. É certo que se trata de um governo em minoria política apoiado no parlamento, mas isso é algo que se assume com total naturalidade noutros países", realçou.

Ainda assim, Marcelo Rebelo de Sousa considerou que o seu papel na gestão da convivência com o Governo será "mais interessante", pelo facto de o executivo ser apoiado por partidos à esquerda do PS. "Não sei se será mais difícil, mas desde logo será mais interessante. Garanto-lhe que o Presidente não será um factor de instabilidade neste país. Pelo contrário. A minha missão passa por aprovar quantas mais leis melhor, não vetá-las", salientou.

Marcelo Rebelo de Sousa destacou a importância da aprovação hoje do Orçamento do Estado para 2016 no parlamento, que classificou como "uma votação muito importante para o país". "A partir daqui interpreto que caminhamos para uma progressiva estabilidade política", disse o Presidente.

Sobre as relações de Portugal com Espanha, o Presidente afirmou que são tão boas que "quase não se podem melhorar", mas deixou algumas propostas para avançar também nesse sentido: "Gostaria que existisse mais relacionamento cultural, mais solidariedade entre universidades [de Portugal e Espanha], mais cooperação no mundo económico, especialmente no sector financeiro", sublinhou.

Para Marcelo, Espanha sempre teve e terá uma posição muito forte nesse campo, "mas que não pode ser exclusiva". "Sei que Espanha o compreende muito bem", declarou.

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