Secções
Entrar

Israel cria 'task force' para reverter boicote da Ben & Jerry's na Cisjordânia

27 de julho de 2021 às 23:35

A Ben & Jerry's anunciou que, a partir de janeiro de 2023, não vai permitir que os gelados sejam comercializados em territórios palestinos ocupados, mas vai poder continuar a vendê-los dentro das fronteiras de Israel, anteriores a 1967.

Israel criou uma 'task force' para pressionar a empresa de gelados norte-americana Ben & Jerry's e a sua proprietária, Unilever, a reverterem a decisão de boicotar a ocupação israelita na Cisjordânia, informaram esta terça-feira as autoridades locais.

"Precisamos de aproveitar os 18 meses que faltam para a entrada em vigor da decisão e tentar alterá-la. Queremos criar uma pressão sobre a Unilever e a Ben & Jerry's, de longo prazo, através dos consumidores e dos políticos na imprensa e nas redes sociais para entrar em diálogo com as empresas", disseram as autoridades israelitas.

De acordo com 'site' de notícias norte-americano Axios, o governo israelita está preocupado com o facto de a ação da Ben & Jerry's encorajar outras empresas internacionais a tomarem medidas semelhantes.

Um telegrama confidencial do Ministério dos Negócios Estrangeiros, visto pelo Axios, deixa claro que o governo israelita quer enviar uma mensagem.

Na semana passada, a Ben & Jerry's anunciou que, a partir de janeiro de 2023, não vai permitir que os gelados sejam comercializados em territórios palestinos ocupados, mas vai poder continuar a vendê-los dentro das fronteiras de Israel, anteriores a 1967.

A decisão da empresa norte-americana, que assumiu posições políticas, chegou quase uma década depois de pressão de ativistas pró-palestinianos, sendo que, no ano passado, o governo israelita conseguiu demover a Ben & Jerry's a tomar tais medidas.

Mas, segundo o Axios, depois dos recentes conflitos na Faixa de Gaza, a pressão sobre a Ben & Jerry's aumentou, e, nas últimas duas semanas, ficou claro que a decisão de boicotar a ocupação israelita nas colónias da Cisjordânia estava iminente.

O governo israelita, no entanto, tentou pressionar a Unilever para impedir a empresa de gelados a tomar essa decisão, mas a proprietária disse que a Ben & Jerry's tinha o direto de tomar as medidas, como parte da sua política de responsabilidade corporativa e da justiça social.

Em 22 julho, o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel enviou um telegrama a todas embaixadas israelitas na América do Norte e na Europa, ordenando-lhes que começassem uma campanha de pressão contra a Ben & Jerry's e a Unilever, de modo a convencê-los a negociar.

Diplomatas israelitas foram instruídos a encorajar organizações judaicas, grupos de defesa pró-Israel e comunidades evangélicas a organizar manifestações junto aos escritórios da Ben & Jerry's e da Unilever, para pressionar os investidores e os distribuidores das empresas.

O governo pediu ainda aos diplomatas que pressionassem e condenassem as empresas, estimulando "protestos públicos nos media e diretamente com os principais executivos das empresas.

Os diplomatas foram também estimulados a ecoar os protestos nas redes sociais para conseguir maior visibilidade.

A Embaixada de Israel em Washington e os consulados de Israel no Estados Unidos da América (EUA) foram solicitados a pressionar através da lei anti-BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções) em vários estados, envolvendo governadores, presidentes de Câmara, congressistas, funcionários estaduais e advogados.

As autoridades israelitas acrescentaram que Ben & Jerry's e a Unilever "cederam e cooperaram com o movimento BDS", alegando ser parcialmente "motivado pelo antissemitismo", referindo que a decisão das empresas foi "hipócrita, vai contra os valores da responsabilidade corporativa e cheira a cultura extrema de cancelamento".

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela