Intromissão da Rússia nas eleições dos EUA divide políticos
Os republicanos rejeitam as conclusões da CIA, mas os democratas pediram uma investigação. Computadores dos dois lados foram atacados por piratas informáticos, mas só os democratas foram prejudicados
O Partido Republicano dos EUA rejeitou no sábado a conclusão de agentes da CIA (serviços secretos) de que a Rússia tentou influenciar as eleições norte-americanas, enquanto o líder do Partido Democrata no Senado pediu uma investigação.
"A inteligência [CIA] está errada", disse o porta-voz do Comité Nacional Republicano, Sean Spicer, à cadeia de televisão norte-americana CNN.
"Isso não aconteceu", acrescentou, referindo-se a notícias divulgadas por jornais dos EUA segundo as quais agentes da CIA acreditam que piratas informáticos russos entraram em computadores do Comité Nacional Republicano e de organismos da direcção do Partido Democrata e roubaram informação durante a campanha eleitoral. No entanto, só divulgaramemails roubados aos democratas, para denegrir a candidatura de Hillary Clinton e ajudar o candidato republicano, Donald Trump, a ganhar.
Após a divulgação das primeiras notícias, na sexta-feira, peloWashington Post, a equipa de Donald Trump, que venceu as eleições, rejeitou as conclusões dos analistas da CIA, argumentando que são "os mesmos que disseram que [o ex-presidente do Iraque] Sadam Hussein tinha armas de destruição massiva".
"As eleições já acabaram há muito tempo e com uma das maiores vitórias a nível do colégio eleitoral. É tempo de ir em frente", disse a equipa do Presidente eleito.
No entanto, o senador Chuck Schumer, que será o líder dos Democratas no Senado a partir de Janeiro, pediu a abertura de inquérito pelo Congresso norte-americano.
"É imperativo que a nossa comunidade de inteligência revele qualquer informação relevante para o Congresso poder conduzir uma investigação", disse, no sábado.
Agentes da CIA acreditam que a Rússia interferiu nas eleições norte-americanas de 8 de Novembro para ajudar Trump a ganhar, noticiou oWashington Postna sexta-feira.
O artigo do jornal, a que se seguiu outro semelhante do The New York Times, foi publicado horas depois de a Casa Branca ter anunciado que o Presidente dos EUA, Barack Obama, ordenou uma análise aprofundada dos ataques informáticos durante a campanha eleitoral e exigiu um relatório antes de entregar o poder a Donald Trump, a 20 de Janeiro.
Segundo o artigo doWashington Post, pessoas ligadas a Moscovo passaram emails aosite Wikileaks pirateados de contas do director de campanha da candidata democrata, Hillary Clinton, e de contas do Partido Democrata, entre outras.
Os agentes da CIA pensam que o objectivo da Rússia "era favorecer um candidato", "ajudar Trump a ser eleito", disse uma fonte que o jornal identifica como um alto responsável conhecedor de uma exposição que os serviços secretos fizeram a senadores.
Segundo as fontes do Washington Post, os agentes da CIA disseram aos senadores que é "bastante claro" que Moscovo queria ajudar Trump a ganhar e que esta ideia é "consensual" entre a comunidade de inteligência dos EUA.
O jornal ressalva que esta avaliação está, contudo, longe de constituir um relatório da CIA e que há interrogações que persistem. Por outro lado, os serviços secretos dos EUA não têm qualquer prova de que responsáveis do Kremlin tenham ordenado a interlocutores o envio deemailspirateados para o Wikileaks, refere uma das fontes citadas.
O fundador do Wikileaks tem negado ligações à Rússia.
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