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Há pobreza e fome na comunidade portuguesa a viver na Venezuela

07 de maio de 2019 às 08:12

Médico lusodescendente considera que a comunidade portuguesa não escapou às consequências da crise política, social e económica que atinge toda a população venezuelana.

O médico lusodescendente Adérito Sousa considera que a comunidade portuguesa não escapou às consequências da crise política, social e económica que atinge toda a população venezuelana, e fala em pobreza e mesmo em fome entre os portugueses.

"A situação está a ser muito crítica para todos os cidadãos que vivem no país e também para a grande comunidade portuguesa radicada que não escapou aos embates da crise. Refiro-me à hiperinflação que afeta os salários de todos os cidadãos, para além da insegurança e da conflitualidade social no país", afirma o médico otorrinolaringologista de 61 anos, que já foi distinguido com a Ordem do Mérito.

O médico lusodescendente adianta que esta crise, que afeta de forma dramática todas as pessoas que desenvolvem atividades económicas, atingiu a comunidade portuguesa de "forma muito dramática" com "situações de pobreza e até de fome".

Adérito de Sousa, que é médico cirurgião, com pós-graduações naVenezuelae nosEstados Unidos da América, refere que "há muitos casos de portugueses que estavam até a viver em condições de rua, porque tinham perdido os seus negócios, seja por delinquência ou por situação de alta conflitualidade ou foram saqueados e alvo de roubo".

Como médico da Associação de Médicos Luso-Venezuelanos Adérito de Sousa acompanha de perto as dificuldades da comunidade portuguesa.

"Aí o sofrimento é a dobrar, porque já temos a situação de carência económica, se ainda sofrem de uma doença, e têm necessidade de tratamentos onerosos e de alto custo, pior ainda", salienta.

O médico também está preocupado com os últimos desenvolvimentos políticos no país, lembrando que quem fala de golpe está enganado, porque "a oposição não tem poder de ataque e de defesa".

"As armas estão nas mãos do Governo e oGovernotem muitas dissidências que estão escondidas e que começam a fazer o seu aparecimento", considera.

"O que aconteceu no dia 30 [de abril] foi um levantamento de um grupo de militares que se dirigiu a uma base aérea e trataram de fazer uma manifestação pública para chamar a consciência dos seus colegas das Forças Armadas para se unirem e fazerem frente a este desconforto que há no país", diz.

A presença de Juan Guaidó, o Presidente interino, nesse ato não lhe confere qualquer autoria, defende o médico lusodescendente.

Ora, "é sabido que o [autoproclamado] Presidente Guaidó não tem influência sobre as Forças Armadas, ele só quis solidarizar-se com uma ação de um pequeno grupo de militares que quiseram manifestar o seu desacordo com o Governo de Nicolas Maduro [Presidente da Venezuela] ".

A mobilização diária de populares em protestos públicos contra o regime é também um sintoma "de um nível de rutura que há nos círculos mais íntimos do oficialismo liderado por Maduro".

Sobre Nicolás Maduro, o médico considera que "está a ficar mais isolado e com desconfiança muito grande".

"Ele não deve estar a dormir tranquilamente, deve estar com a preocupação de que tem os seus dias contados", acrescenta.

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