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Coreia do Sul em alerta depois de destituição de Presidente

10 de março de 2017 às 08:02

Ministério da Defesa e militares receiam que Coreia do Norte faça "provocações" depois de ter sido aprovada destituição de Park Geun-hye

O Ministério de Defesa e o Estado-maior Conjunto da Coreia do Sul ordenaram aos militares no activo que elevem o seu nível de alerta face a possíveis "provocações" de Pyongyang, após a destituição da Presidente sul-coreana.

O Tribunal Constitucional ratificou hoje, por unanimidade, a destituição da Presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, implicada num escândalo de corrupção e tráfico de influências.

A destituição já tinha sido aprovada em Dezembro no parlamento, mas para ser definitiva tinha de ser ratificada pelo tribunal.

Numa videoconferência hoje com os comandantes militares, o ministro da Defesa, Han Min Koo, disse que a Coreia do Norte pode fazer provocações "estratégicas ou operacionais" a qualquer momento.

Na segunda-feira, Pyongyang lançou quatro mísseis de médio alcance para o Mar do Japão, em resposta às manobras anuais conjuntas que estão a ser realizadas em território sul-coreano pelas tropas de Seul e Washington.

A imprensa da Coreia do Norte, que seguiu de perto o escândalo de corrupção que abalou o país vizinho, informaram hoje da destituição da Presidente sul-coreana num breve despacho sobre a decisão do tribunal em Seul, antecipando que Park vai agora ser investigada como uma "criminosa comum".

O partido da Presidente sul-coreano Park Geun-hye disse, entretanto, que "aceita humildemente" a decisão do Tribunal Constitucional de retirar Park do cargo de chefe de Estado e que se sente responsável pela sua queda.

Com a destituição, Park perde a imunidade e a Coreia do Sul tem que realizar eleições presidenciais no prazo inferior a 60 dias.

Park Geun-hye, de 64 anos, tornou-se na primeira mulher a assumir a presidência na Coreia do Sul, a 25 de Fevereiro de 2013.

Solteira e sem filhos, Park Geun-hye, filha do falecido ditador Park Chung-hee, dedicou grande parte da sua vida à política, desde que em 1974, com apenas 22 anos, assumiu o papel de primeira-dama depois de um terrorista norte-coreano ter assassinado a sua mãe, Yuk Young-soo.

Várias figuras públicas foram detidas no âmbito do escândalo de corrupção, incluindo a confidente da Presidente, Choi Soon-sil, quadros de topo do governo e o herdeiro da Samsung Lee Jae-yong. Mas Park evitou até à data uma investigação directa graças à impunidade de que gozava enquanto Presidente.

Park Geun-hye pediu desculpas públicas várias vezes e admitiu que obteve ajuda de Choi para editar os seus discursos e no domínio das relações públicas, mas negou qualquer axto ilícito.

Os investigadores consideram que Park e Choi se puseram de acordo para pressionar a Samsung e outros grandes conglomerados empresariais sul-coreanos para que fizessem doações a organizações relacionadas com a amiga da chefe de Estado, em troca de um tratamento favorável das autoridades, afirmaram em comunicado.

Segundo a investigação, a Presidente estava a par da criação de uma lista negra de quase 10 mil artistas e profissionais do mundo da cultura críticos do Governo, concebida com o objectivo de cortar as suas vias de financiamento público e privado.

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