Secções
Entrar

COP27: Transição energética é imperativo moral, aponta António Costa

Lusa 08 de novembro de 2022 às 11:58

"Como líderes [políticos] devemo-la às nossas populações, ao resto do mundo e às gerações futuras", frisou o primeiro-ministro na sua intervenção na COP27.

O primeiro-ministro considerou hoje que a transição energética é compatível com o crescimento económico, mas é principalmente um imperativo moral em relação às gerações futuras que não pode ser travado por causa da guerra na Ucrânia.

REUTERS/Piroschka van de Wouw/File Photo/File Photo

Esta mensagem foi transmitida por António Costa no discurso que proferiu na sessão plenária da Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP27), que decorre em Sharm el-Sheikh, no Egito, até ao próximo dia 18.

"Acreditamos que a transição energética justa pode ser sinónimo de crescimento e prosperidade económica. Mas é acima de tudo um imperativo moral: Como líderes [políticos] devemo-la às nossas populações, ao resto do mundo e às gerações futuras", sustentou o líder do executivo português.

Na sua intervenção, António Costa começou por salientar que "a ciência é clara" e a emergência climática "é já uma crise que afeta o mundo" no presente, deixando depois uma advertência: "O drama da guerra na Ucrânia não nos pode desviar da urgência da resposta aos desafios das alterações climáticas".

"Na verdade, as consequências desta guerra têm demonstrado quão necessário é acelerar a transição energética e diminuir a dependência dos combustíveis fósseis. Todos somos afetados pela dramática escalada de preços na energia decorrente desta guerra, deixando milhões em situação de pobreza energética", apontou.

O primeiro-ministro falou neste contexto no caso de Portugal, "que há mais de 15 anos iniciou a aposta nas energias renováveis" e "é um exemplo de como investir cedo na transição garante menor dependência e maior segurança do ponto de vista energético".

"Não podemos recuar nos nossos compromissos. Importa que saiamos de Sharm el-Sheikh com uma visão clara e que nos permita obter resultados das questões da mitigação ao financiamento, passando pela adaptação e revisão das contribuições nacionais. Este esforço tem de ser liderado pelos países desenvolvidos e pelos países grandes emissores", acentuou.

No seu discurso perante o plenário da COP27, António Costa voltou a referir que o Presidente eleito do Brasil, Lula da Silva, é um fator de esperança por retomar as políticas ambientais de proteção da floresta da Amazónia.

No plano político, o primeiro-ministro insistiu que "o diálogo multilateral é fundamental para atingir os objetivos do Acordo de Paris e encontrar as respostas para fazer face aos desafios globais".

Juntos, podemos caminhar rumo a sociedades neutras em carbono. Sociedades resilientes aos impactos das alterações climáticas. Sociedades que gerem de forma eficiente, circular e sustentável os seus recursos, sociedades movidas por energias renováveis e apoiadas num princípio de transição justa. É esta a sociedade que Portugal deseja construir", acrescentou.

Portugal vai organizar Conferência Internacional sobre incêndios florestais
O primeiro-ministro anunciou que Portugal vai organizar em 2023 a Conferência Internacional sobre Incêndios Florestais e mais um fórum de investimento em economia azul sustentável.


"Uma palavra muito dolorosa sobre os incêndios rurais - uma realidade nem sempre abordada neste fórum [das Nações Unidas], mas da maior importância para a redução de emissões e para a capacidade de a floresta desempenhar o seu papel de sequestro de carbono", declarou António Costa no seu discurso perante a COP27.

De acordo com o líder do executivo português, estima-se que 6% das emissões mundiais resultem de incêndios de causa humana e assinalou que em anos mais extremos esse valor pode chegar a representar 20%.

"Melhorias significativas nas políticas e nos processos de prevenção e extinção de incêndios são assim um importante contributo para a redução de emissões e a defesa das florestas. É nesse quadro que, em 2023, organizaremos em Portugal a 8ª Conferência Internacional sobre Incêndios Florestais, onde se pretende construir um referencial do risco de incêndio e o modelo de governança do mesmo", disse.

O primeiro-ministro convidou depois todos os países representados na COP27 a participarem neste evento.

"Portugal não perde de vista os seus compromissos. As nossas metas são ambiciosas, mas temos conseguido cumpri-las e até antecipá-las", defendeu António Costa, fazendo então alusão à entrada em vigor da nova Lei de Bases do Clima, que foi aprovada na anterior legislatura.

"Reforçamos o nosso objetivo de atingir a neutralidade carbónica até 2050, com o compromisso de estudar a viabilidade da sua antecipação até 2045. Conseguimos antecipar em dois anos o encerramento das nossas últimas centrais a carvão, que já deixaram de funcionar no ano passado e, apesar da crise energética, não vamos reativar. Continuamos também a apostar nas renováveis e temos a capacidade e a ambição de passar de importadores de energia fóssil a exportadores de energia verde", sustentou.

O líder do executivo observou então que as energias renováveis em Portugal "representam já cerca de 60% da eletricidade consumida" no país, sendo a meta "atingir os 80% até 2026".

"Estamos também convictos de que o hidrogénio verde e outros gases renováveis são energias para o futuro. E alcançámos há poucos dias um acordo com a França e a Espanha para a criação de um corredor verde para servir o Centro da Europa", referiu a seguir.

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela