Secções
Entrar

Comissão Nacional de Eleições queixa-se de Isaltino Morais ao Ministério Público

23 de setembro de 2021 às 17:50

CNE considerou haver "indícios" da prática do "crime de desobediência" pelo presidente da Câmara de Oeiras e recandidato ao cargo, Isaltino Morais, devido a cartazes afixados no concelho.

A Comissão Nacional de Eleições considerou haver "indícios" da prática do "crime de desobediência" pelo presidente da Câmara de Oeiras e recandidato ao cargo, Isaltino Morais, devido a cartazes afixados no concelho, e enviou o processo ao Ministério Público.

A decisão da Comissão Nacional de Eleições (CNE) foi tomada no dia 14 de setembro, numa reunião plenária, e tornada pública esta quinta-feira por uma das candidaturas nas autárquicas do próximo domingo, a coligação Evoluir Oeiras (BE/Livre/Volt), que apresentou várias queixas nos últimos meses à CNE por causa de publicações nas redes sociais e cartazes afixados pela câmara com publicidade institucional que a comissão considerou violarem a lei eleitoral.

"(...) a Comissão deliberou remeter o processo ao Ministério Público por indícios da prática do crime de desobediência, tendo presente o teor da comunicação da Coligação Evoluir Oeiras", lê-se na comunicação da CNE à candidatura do BE/Livre/Volt, a que a Lusa teve hoje acesso.

Na sequência de diversas queixas, a CNE ordenou por diversas vezes a remoção das publicações nas redes sociais e cartazes da câmara e Isaltino Morais, que se recandidata ao cargo como independente, chegou a recorrer de uma dessas decisões para o Tribunal Constitucional, que não lhe deu razão.

Em 20 de agosto, a coligação Evoluir Oeiras, numa comunicação a que a Lusa teve acesso, voltou a queixar-se à CNE porque cartazes alvo de deliberação não tinham sido "efetivamente retirados", mas apenas "revestidos de uma tela negra" sobre a qual, dias mais tarde, surgiu a mensagem "A COMISSÃO NACIONAL DE ELEIÇÕES NÃO DEIXA COMUNICAR COM OS MUNÍCIPES", "mantendo-se funcionários da autarquia a executar estes trabalhos".

São os cartazes com esta queixa que motivaram a CNE a fazer a participação ao Ministério Público.

Ainda antes de anunciar a participação ao Ministério Público, a CNE respondeu à coligação Evoluir Oeiras em 08 de setembro, dando-lhe a conhecer uma deliberação tomada no dia anterior, em plenário da comissão.

Nesse dia, a CNE deu razão à queixa e ordenou um "procedimento contraordenacional contra o presidente da Câmara Municipal de Oeiras", por violação da lei que regula a propaganda no período de eleições, nomeadamente a proibição de publicidade institucional "por parte dos órgãos do Estado e da Administração Pública de atos, programas, obras ou serviços, salvo em caso de grave e urgente necessidade pública" a partir do momento em que é publicado o decreto que marca a data das eleições.

Segundo a comunicação da CNE, Isaltino Morais foi notificado para, "sob pena de cometer o crime de desobediência", remover no prazo de 48 horas "a mensagem suprarreferida".

A CNE decidiu ainda naquele dia "censurar publicamente a falta de cooperação institucional" por parte do presidente da Câmara de Oeiras, "traduzida numa campanha que, intencionalmente, omite o facto de a proibição da publicidade institucional" resultar da lei "e que o entendimento que o visado dela faz foi rejeitado pelo TC".

A comissão referia que recebeu queixas contra a publicidade institucional da Câmara de Oeiras oriundas de "cidadãos e candidaturas" que originaram pelo menos três processos na CNE.

Para a CNE, "o licenciado em Direito Isaltino de Morais que, no seu percurso de vida, conta com o facto de ter também sido procurador da República" é "livre" de ter uma "opinião formada" que contraria o que está na lei, mas a lei não lhe atribui "competência para decidir na matéria", apenas "o direito de recorrer (que, aliás, exerceu sem êxito) das decisões da entidade competente, conformando-se e executando-as quando não recorrer ou, tendo recorrido, lhe for negado provimento".

Segundo a comissão, Isaltino Morais invocou, em sua defesa, que a mensagem colocada sobre as telas negras não se referia "diretamente a programas, obras ou serviços".

No entanto, para a CNE, "não lhe retira a natureza de publicidade institucional, seja por se referir, ainda que indiretamente, a atos anteriormente praticados pelo próprio, seja ainda por, em qualquer caso, consistir na promoção de uma imagem positiva do seu autor, ainda que quase subliminarmente", como reconheceu o TC.

Além de Isaltino Morais e a coligação Evoluir Oeiras, encabeçada por Carla Castelo, concorrem à presidência da Câmara de Oeiras Alexandre Poço (PSD), Rui Teixeira (Chega), Bruno Mourão Martins (IL), Hélder Sá (coligação Viver Ainda Melhor Oeiras -- Aliança/PDR), André Levy (CDU), Pedro Fidalgo Marques (PAN) e Fernando Curto (PS).

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela