Secções
Entrar

Clima e guerra na Ucrânia entre as principais preocupações, segundo inquérito global

Lusa 07 de setembro de 2022 às 07:25

Participaram 22 países neste trabalho elaborado pela Open Society Foundations, organização criada pelo bilionário norte-americano George Soros. Conclusões são divulgadas perto do início da Assembleia Geral das Nações Unidas.

As alterações climáticas, a invasão russa da Ucrânia e o aumento do custo de vida são três dos assuntos que mais preocupam a população de 22 países desenvolvidos e em desenvolvimento, segundo um inquérito global hoje divulgado.

EPA/REHAN KHAN

O trabalho elaborado pela Open Society Foundations (OSF), organização criada pelo bilionário norte-americano George Soros, foi divulgado perto do início da Assembleia Geral das Nações Unidas e destaca um "desejo comum de ações globais mais audazes" para lidar com estas questões.

Ao mesmo tempo, a organização mostra também "uma falta de confiança na capacidade da comunidade internacional de trabalhar em conjunto" para a solução destes problemas.

"Os nossos líderes precisam de se atualizar antes que seja tarde demais", salientou o presidente da OSF, citado num comunicado, realçando que "os cidadãos estão muito mais avançados do que os políticos quando se trata de admitir a amplitude de apoio necessário".

As alterações climáticas são, sem dúvida, a principal preocupação dos entrevistados, com 36% dos participantes a colocarem o tema entre os três principais problemas enfrentados pelo mundo.

Em apenas dois países, Arábia Saudita e Egito, a proporção de inquiridos preocupados estava abaixo dos 20%.

Segundo o inquérito, os cidadãos da Colômbia, França, Alemanha, Índia, México, Singapura, Turquia e Estados Unidos mostraram especial preocupação com esta questão e em países como França, Alemanha e Sérvia, o tema está até acima das preocupações económicas, talvez devido à onda de calor que estes países experimentaram e que coincidiu com a celebração do estudo, entre final de julho e início de agosto.

Com a maioria dos cidadãos dessas nações convencidos de que as alterações climáticas já estão a afetar as suas vidas na forma de eventos climáticos extremos, 77% acham que os países ricos deveriam dedicar mais financiamento para cobrir os danos causados por esta crise global.

O trabalho mostra que os cidadãos entrevistados partilham "um amplo acordo sobre algumas questões" relacionadas com a invasão russa da Ucrânia, embora também registem variações importantes "nas regiões em desenvolvimento".

Assim, enquanto em geral 28% das pessoas que participaram no inquérito incluíram a invasão russa da Ucrânia como um dos três principais problemas, foram os países da Europa do leste e do G7, exceto os EUA, os mais preocupados.

Já 45% dos polacos e 39% dos britânicos identificam esta guerra como um dos maiores problemas internacionais, enquanto essa percentagem é de 22% nos EUA, 21% na Índia e Nigéria e cai abaixo de 20% na Colômbia, Egito, México, Arábia Saudita e Turquia.

Os inquiridos também não parecem concordar com as causas da invasão, e enquanto 49% dos sul-africanos, 54% dos nigerianos e 56% dos indianos acreditam que a ação de Moscovo foi justificada, para obter uma maior influência sobre a vizinha Ucrânia, 78% dos britânicos, 53% dos alemães e 58% dos norte-americanos e franceses rejeitaram esta afirmação.

Outro ponto comum destacado pelo estudo é que 62% dos entrevistados concordam que a agressão da Rússia contra a Ucrânia pode terminar numa guerra nuclear, e que 65% consideram a Rússia uma ameaça à segurança global.

A inflação foi outra questão que obteve um consenso significativo, com 49% dos inquiridos preocupados com o custo de vida, sendo Singapura, Reino Unido, França e Sérvia os países onde consideram a inflação um dos três principais desafios que as suas famílias e sociedades enfrentam.

Por outro lado, nos países de baixo ou médio rendimento há também um alto nível de ansiedade perante uma possível escassez de alimentos.

Nesse sentido, o estudo destaca que nos três países latino-americanos inquiridos, Colômbia, México e Brasil, 80% dos inquiridos concordaram com a afirmação: "Muitas vezes preocupo-me se a minha família vai passar fome".

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela