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Autoridades indianas terminam buscas na BBC ao fim de três dias

Lusa 17 de fevereiro de 2023 às 07:28

Operação decorreu um mês depois da estreia de um documentário sobre o papel do primeiro-ministro, Narendra Modi, nos confrontos religiosos de 2002.

As autoridades fiscais indianas acabaram quinta-feira, ao fim de três dias, a rusga às delegações da BBC, que decorreram um mês depois da estreia de um documentário sobre o papel do primeiro-ministro, Narendra Modi, nos confrontos religiosos de 2002.

REUTERS/Anushree Fadnavis

Partidos políticos da oposição e outras organizações da comunicação criticaram a situação como uma tentativa de intimidar os meios de informação.

Imagens de televisão mostram aqueles funcionários a saírem do local, depois de passarem quase 60 horas nas instalações, sem que tenha havido qualquer declaração sobre as buscas que começaram na terça-feira de manhã.

"As autoridades fiscais saíram dos nossos escritórios em Deli e Mumbai. Vamos continuar a cooperar com as autoridades e a esperar que a situação seja resolvida o mais depressa possível", declarou a BBC News, em mensagem na rede social Twitter.

Os críticos do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, questionaram o momento da operação, poucas semanas depois de a BBC ter emitido no Reino Unido um documentário crítico de Modi.

O documentário, em dois episódios, tem o título "India: The Modi Question" sobre o papel do primeiro-ministro durante os distúrbios de 2022.

Os confrontos prolongaram-se durante vários dias e provocaram a morte a mais de mil pessoas, depois de cidadãos de origem muçulmana terem sido acusados de incendiarem um comboio em que viajavam 59 peregrinos hindus.

Devido ao caráter crítico do documentário para com Modi, o governo indiano censurou a emissão e deteve vários líderes estudantis que preparavam a exibição das emissões em algumas universidades, sobretudo em Nova Deli.

Kanchan Gupta, um conselheiro do Ministério da Informação e Radiodifusão da Índia, assegurou que não há qualquer ligação entre os dois assuntos.

As autoridades fiscais indianas ainda não emitiram quáquer declaração sobre a razão da sua operação.

O líder do Partido do Congresso, o maior da oposição, Mallikarjun Kharge, descreveu a ação do governo como um ataque +a liberdade de imprensa.

A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou a ação do governo indiano como tentativa de reprimir o jornalismo independente".

Outros meios críticos do governo também já foram objeto de buscas pelas autoridades fiscais.

No mesmo dia em 2021, os inspetores do fisco foram aos escritórios do sítio noticioso NewsClick e do Newslaundry. Ainda neste ano, o jornal Dainik Bhaskar foi acusado de evasão fiscal, depois de ter publicado notícias sobre piras funerárias e corpos a flutuar nos rios que desafiavam a gestão governamental da pandemia do novo coronavirus. Antes, em 2017, tinha sido a Nova Deli Television a ser objeto de investigação governamentais a alegadas irregularidades em financiamentos.

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